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Cursos de Atualização em Pneumologia e Pneumologia Pediátrica: confira os destaques dos eventos

Entre 20 e 22 de abril de 2023, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) realizou o XXII Curso Nacional de Atualização em Pneumologia (CNAP) e o IV Curso Nacional de Atualização em Pneumologia Pediátrica (CNPED), no Rio Othon Palace, Rio de Janeiro (RJ).

Profissionais da saúde, médicos especialistas e estudantes se reuniram com o objetivo de discutir consensos, pesquisas e dados mais recentes da literatura médica sobre Pneumologia e Pneumologia Pediátrica.

Os certificados já estão disponíveis na Central de Certificados do site da SBPT. Todos os inscritos terão acesso às aulas on-line na íntegra a partir de 21/05/2023. Nesta data, a SBPT também abrirá novas inscrições para o modo on-line do CNAP/CNPED, no entanto, na modalidade virtual, não haverá emissão de certificados.

Mesa de abertura do CNAP 2023, com a Dra. Valéria Augusto, Diretora de Assuntos Científicos da SBPT, Dra. Margareth Dalcolmo, Presidente da SBPT, e Dra. Mônica Flores, Presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Rio de Janeiro (SOPTERJ). Fotos: Renato Mangolin.

“A informação em Pneumologia se acelerou muito nos últimos anos. Para o pneumologista, é importante se atentar às atualizações dos tratamentos da Fibrose Cística, com o uso dos moduladores do CTRF, os novos esquemas e duração do tratamento da Tuberculose e TB Latente e as mudanças de postura nos próximos anos com relação à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica de origem ambiental e ocupacional”, pontuou a Diretora de Assuntos Científicos da SBPT, Dra. Valéria Augusto.

CNAP

O XXII Curso Nacional de Atualização em Pneumologia contou com 479 participantes. O conteúdo engloba os seguintes módulos: Tuberculose; Distúrbios Respiratórios do Sono; Fibrose Cística; Asma; Doenças Intersticiais; Tabagismo; DPOC; Circulação Pulmonar; Função Pulmonar; Radiologia; Doença Ambiental/Ocupacional; Doença Pulmonar Avançada/Doenças Raras; Doenças Pleurais; Oncologia; Ventilação Mecânica e Infecções Respiratórias.

Os Cursos de Atualização da SBPT são considerados clássicos da área, com adesão crescente de pneumologistas ao longo dos anos.

 

Área de Exposições do CNAP e CNPED 2023, no Rio Othon Palace.

 

Alunos no CNAP 2023. Fotos: Renato Mangolin.

Tabagismo

“Desde os anos 2000, as companhias de cigarro vêm tentando disseminar o consumo de múltiplas formas de nicotina pelo mesmo usuário. Nós repercutimos o estudo Covitel, que foi capitaneado pela Dra. Ana Menezes, nossa colega pneumologista da Universidade Federal de Pelotas, que estimou uma prevalência no Brasil de triplo uso – cigarro eletrônico, narguilé e cigarro convencional – de mais ou menos 3.600.000 adultos acima de 18 anos. Então, acrescentou um dado bastante importante para se fazer um planejamento melhor de campanhas”, pontuou o Dr. Paulo Corrêa, coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT.

“Um outro aspecto foi o narguilé eletrônico, desenvolvido a partir de 2014 e patenteado pela Philip Morris em 2019. O narguilé é um produto no qual você coloca o tabaco no fornilho envolto por uma folha de alumínio, que é furada e, em cima, se coloca o carvão. A temperatura de queima do tabaco fica abaixo de 500°C, então, gera um nível de formaldeído e acetaldeído muito grande. O volume de fumaça de uma sessão de narguilé é a equivalente à de 100 a 200 cigarros e, se considerarmos os produtos como nicotina e monóxido de carbono, equivale de 40 a 400 cigarros. O formaldeído é cancerígeno e o acetaldeído reforça os poderes de provocar câncer. Uma outra coisa que os jovens fazem é chamado de ‘steam stones’, pedras molhadas com glicerina. Fumar essas ‘steam stones’ gera exposição a altos níveis de metais pesados, como cádmio, chumbo, arsênico e existe risco de explosão no narguilé”, explicou o pneumologista, que apresentou a aula “Narguilé: como funciona e quais são os riscos?”.

Cigarro eletrônico

“Os cigarros eletrônicos não são inócuos. O que se sabe atualmente sobre esses dispositivos está relacionado aos riscos agudos. O fumante de e-cig inala formaldeído, acetaldeído, acroleína, material particulado (MP) fino e ultrafino, metais pesados cancerígenos, etc. Não é porque aquece pouco que não tenha degradação”, explicou o Dr. Ubiratan de Paula Santos, que apresentou a aula “Tabagismo Passivo Versus Cigarro Eletrônico: O Que Sabemos?”

O pneumologista mostrou dados que indicam que o fumante de cigarro eletrônico tem um aumento de 42% de chance de ter infarto agudo do miocárdio; maior risco de acidente vascular cerebral; de angina; além do risco de EVALI, que são lesões pulmonares provocadas pela aspiração de produtos do cigarro eletrônico.

Além disso, foram encontrados níveis altíssimos de nicotina sérica nesses dispositivos. Quanto à exposição de crianças à nicotina, 14% está relacionada ao cigarro eletrônico. Nesses casos, o risco de internação foi cinco vezes maior. Ele lembrou que as coortes maiores e estudos mais longevos sobre o cigarro convencional levaram cerca de 50 anos para serem conclusivos. Por isso, ainda há muito o que descobrir sobre os impactos do cigarro eletrônico nos próximos anos.

CNAP 2023: mesa de Tabagismo. Na foto, Dra. Maria Enedina Scuarcialupi, Dr. Ubiratan Santos e Dr. Paulo Corrêa.

 

CNAP 2023: mesa de DPOC. Na foto: Dra. Marli Knorst, Dr. Frederico Fernandes e Dr. Luiz Fernando Pereira.

 

CNAP 2023: mesa de Circulação Pulmonar. Na foto: Dr. Daniel Waetge, Dr. Caio Júlio Fernandes, Dra. Veronica Amado e Dr. Ana Thereza Rocha.

 

CNAP 2023: Módulo DPA/Doenças Raras. Na foto, Dra. Carolina Salim, Dra. Valéria Augusto e Dr. Octávio Messeder.

Tuberculose

“Após décadas, temos novos fármacos para o tratamento da Tuberculose Ativa nas suas formas sensível ou resistente. Os novos esquemas propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são tratamentos de menor duração. Assim, com base nas evidências disponíveis, a OMS incluiu nas suas recomendações o esquema para TB sensível em maiores de 12 anos, com 4 meses de Rifapentina, Isoniazida, Moxifloxacina e Pirazinamida, e sugeriu o esquema com Bedaquilina, Pretomanida, Linezolida e Moxifloxacina por 6 meses para a TB Resistente à Rifampicina (RR), a TB MDR e a TB Pré XDR”, explicou a Dra. Fernanda Mello no Módulo de Tuberculose no CNAP.

“É importante implementar medidas de apoio à adesão aos novos esquemas, quando estes forem incorporados, para alcançarmos a efetividade esperada”, recomendou a especialista.

Módulo de Tuberculose no CNAP 2023: Dra. Fernanda Mello, Dra. Margareth Dalcolmo, Dra. Tatiana Galvão e Dr. Marcelo Rabahi.

Fibrose Cística

“Entramos em uma nova era na Fibrose Cística com os moduladores de CFTR Ivacaftor (Kalydeco®) e Elexacaftor + tezacaftor + ivacaftor (Trikafta®). Há evidência de que esses tratamentos melhoram função pulmonar/imagem, as exacerbações, as hospitalizações, a nutrição, a rinossinusite crônica e a qualidade de vida do paciente”, explicou a Dra. Sâmia Rached, coordenadora da Comissão Científica de Fibrose Cística da SBPT, em sua aula no CNAP.

Ao mesmo tempo em que as novas drogas são capazes de impedir bronquiectasias e infecções crônicas e melhorar a sobrevida, os cientistas ainda estão discutindo quais são os preditores de resposta, os critérios de encaminhamento para o transplante, se há melhora da microbiologia e qual é a fisiopatologia das melhoras extra-pulmonares.

No Brasil, de acordo com o Registro Brasileiro da Fibrose Cística (2020), há 6.112 pacientes registrados com FC, sendo que 83,16% já foram genotipados. Entre estes, 3.454 (67,9%) têm mutações F508del e, portanto, seriam elegíveis para a terapia Trikafta®, ainda não disponível no SUS.

DPOC

“No mundo, nós já temos 50% da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica relacionada à poluição ambiental. O cigarro continua sendo o mais importante causador de DPOC nos países de alta renda, mas, nos países de média e baixa renda, a DPOC causada pelo tabagismo corresponde de 30 a 40%, apenas. O restante é causado, principalmente, pela poluição ambiental. Isso foi importante para vermos a poluição ambiental como etiologia da DPOC no mundo, chamando a atenção para os países de baixa e média renda”, afirmou a coordenadora do módulo de Doença Ambiental/Ocupacional do CNAP, Dra. Patrícia Canto Ribeiro.

Dr. Waldo Mattos, Diretor de Comunicação da SBPT, Dra. Margareth Dalcolmo, Presidente da SBPT e Dr. Clystenes Soares, Diretor de Ensino da Sociedade.

 

Fotos: Renato Mangolin

CNPED

Com vagas esgotadas dois dias antes dos eventos, o IV Curso Nacional de Atualização em Pneumologia Pediátrica (CNPED) contou com uma grande adesão de 185 alunos.

No CNPED, o programa inclui os módulos: Geral; Asma; Discussão de casos sobre asma no lactente e pré-escolar; Situações Frequentes Para o Pneumopediatra; Infecções Respiratórias; Métodos de Avaliação da Função Pulmonar; Casos Clínicos de Pneumonias na Comunidade; Fibrose Cística e Discussões de Casos com Revisão.

“A principal característica do evento é que ele tem um caráter muito prático. A gente consegue ter uma atualização dos principais temas: doenças infecciosas, como pneumonia e tuberculose, asma, função pulmonar, o lactente sibilante, alguns tópicos de imagem, doença intersticial, um programa bem completo e mais ‘despojado’. As pessoas ficam mais à vontade para fazer perguntas, participar, discutir alguns temas, diferentemente de um congresso, onde a gente tem um programa mais fechado, o CNPED é um pouco mais informal”, conta o Dr. Diego Brandenburg, membro do Departamento de Pneumologia Pediátrica da SBPT.

“As sessões de função pulmonar foram muito produtivas. Sobre a questão do manejo do lactente sibilante, o pessoal sempre traz bastantes dúvidas, porque ainda há poucas evidências com relação a isso. Tivemos, ainda, a sessão do Tiago Veras, falando um pouco sobre empreendedorismo na área médica e na nossa especialidade, então, é bom diversificar um pouco os assuntos. A parte de Radiologia foi concisa, objetiva. E, como em todo evento, o grande mote é poder encontrar os amigos, rever colegas, trocar ideias, conhecer gente nova. Esse é o bônus e, no Rio de Janeiro, fica mais fácil ainda”, complementou o pneumologista pediátrico.

Coordenador do Módulo de Asma do CNPED, Dr. Diego Brandenburg abordou a asma no pré-escolar.

CNPED 2023: organizadores e professores do Módulo Infecções Respiratórias. Na foto, Dr. Luiz Roberto Cutolo, Dr. Clemax Sant Anna, Dr. Luiz Vicente Ribeiro e Dra. Marina Buarque de Almeida. Fotos: Renato Mangolin

Os eventos contaram com o patrocínio da Bayer, Boheringer Ingelheim, GSK, Sanofi e Pfizer.

A SBPT agradece aos patrocinadores, professores, comissões científicas e alunos do CNAP e CNPED 2023.

Acesse aqui todas as fotos do CNAP/CNPED 2023 no Flickr.