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Combate ao tabagismo no Brasil: estudo revela disparidades regionais e reforça a necessidade de ações adaptadas às realidades locais

Estudo publicado na mais recente edição da revista científica Public Health revela que o tabagismo causou cerca de 480 mortes por dia, no Brasil, em 2019, entre a população com 35 anos ou mais, totalizando 174.483 óbitos. O número representa 14,5% da mortalidade total nesse grupo etário, evidenciando o impacto significativo do tabagismo na saúde pública do país. 

O estudo, que tem como um de seus autores o Dr. Paulo Corrêa, da Comissão Científica de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), analisou a mortalidade atribuível (ou seja causada especificamente) ao tabagismo nas 27 unidades federativas do Brasil, por sexo.

Os resultados demonstram que a mortalidade varia consideravelmente entre as regiões brasileiras, com o Rio Grande do Sul (248,8/100 mil habitantes) e o Amazonas (106,0/100 mil habitantes) apresentando as maiores e menores taxas, respectivamente. Após ajuste por idade, as disparidades regionais se intensificam, com o Acre (271,1/100 mil) e o Distrito Federal (131,1/100 mil) assumindo os extremos.

Além disso, as mortes atribuíveis ao tabagismo ocorreram mais entre os homens:  109.161 óbitos (62,6%) e teve como principal causa de morte a doença isquêmica do coração. Enquanto entre as mulheres, o consumo do tabaco esteve associado a 65.322 mortes (37,4%) e a principal causa de morte foi a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Evidentemente, esse perfil distinto por sexo tem a ver com as maiores taxas de tabagismo entre os homens há três ou quatro décadas.

Segundo Paulo Corrêa, o estudo enfatiza que as políticas públicas de controle do tabagismo precisam considerar essas disparidades. “Essas informações são importantes para orientar políticas públicas e programas de prevenção e controle do tabagismo no Brasil de forma mais assertiva. Embora a política nacional de controle do tabaco tenha apresentado resultados positivos na redução do consumo, é fundamental que os governos municipal, estadual e federal trabalhem conjuntamente no desenvolvimento de soluções adaptadas às realidades locais, bem como às populações vulneráveis, considerando a equidade na distribuição de recursos e serviços de saúde”, enfatiza.

O estudo também mostra a importância de se ter disponível no SUS programas de tratamento com fornecimento de medicações para apoiar e fazer a jornada do fumante de se tornar um ex-tabagista mais amena. “E, obviamente, reforça a necessidade de manter a proibição dos cigarros eletrônicos e de tabaco aquecido no país”, conclui Corrêa.