Enquanto sociedades médicas com foco em saúde respiratória, nossa missão demanda que chamemos a atenção para ações que agravem o risco de aumento de doenças pulmonares, individual e coletivo.
Conjuntamente, nos opusemos e nos mobilizamos contra a tomada de controle, totalmente antiética e inapropriada, das fabricantes de medicações inalatórias por parte das empresas de tabaco.
Apesar dos nossos esforços, estamos muito desapontados em informar que os acionistas, reguladores e o governo do Reino Unido aprovaram esta aquisição. Este é apenas o exemplo mais recente do intento da indústria do tabaco de se diversificar entre empresas de saúde e estamos muito preocupados com as consequências para os pacientes, cientistas e médicos.
Estamos especialmente alarmados com o fato de que a tecnologia utilizada para liberar medicações para o tratamento de doenças respiratórias será agora usada para liberar os produtos tóxicos, que causam dependência e as mesmas doenças produzidas pelas companhias de tabaco.
Trata-se de um episódio sombrio para a saúde pulmonar e para a saúde em geral e que não deve se repetir no futuro. Os produtos do tabaco permanecem sendo os principais causadores de morte e de doenças evitáveis em todo o mundo. Os lucros, as práticas e o poder da indústria do tabaco seguem sendo as maiores barreiras da mudança. No passado, as condutas desleais da indústria do tabaco na ciência justificam a desconfiança por parte dos pesquisadores e clínicos da saúde respiratória.
Unificadas como uma comunidade, nossas organizações continuarão a se opor com veemência a futuras aquisições de empresas de saúde por parte da indústria do tabaco.
Assim, notificamos oficialmente que nossas organizações e membros não podem tolerar novas interações e vínculos com qualquer empresa de propriedade de uma companhia de tabaco, como a Phillip Morris International. Essa conduta está prevista em nossas regras, códigos de ética e nas orientações da Convenção-Quadro Para Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde (o Tratado de Controle do Tabaco da ONU).
Especificamente:
- Trabalhadores de companhias de propriedade da indústria do tabaco não têm permissão de publicar pesquisas em nossas revistas científicas ou participar dos nossos eventos futuros.
- Nenhum produto de empresa de posse da indústria do tabaco poderá ser promovido em nossos futuros eventos, incluindo reuniões científicas e educacionais, e em nenhuma conferência que apoiamos ou divulgamos.
- Nos opomos ao uso de tecnologia de saúde pulmonar em produtos com tabaco e nicotina, que causam dependência e danos à saúde.
- Reiteramos nossa rejeição em apoiar, firmar parceria ou receber auxílio financeiro de empresas de tabaco.
Demandamos aos governantes que exerçam a legislação de acordo com o Artigo 5.3 da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde Para o Controle do Tabaco para proteger o interesse público e impedir que essa tática do tabaco volte a acontecer.
Além disso, reafirmamos o princípio fundamental de que os médicos devem agir de acordo com os interesses dos pacientes em primeiro lugar, inclusive prescrevendo o medicamento mais eficaz para a condição de saúde de cada um.
Recomendamos que, desde que seja apropriado e seguro, profissionais da saúde e pacientes não utilizem produtos recentemente desenvolvidos por empresas adquiridas pela indústria do tabaco.
Os profissionais da saúde devem orientar os pacientes que solicitarem substituir os produtos utilizados atualmente, desenvolvidos por empresas de posse da indústria do tabaco, por soluções alternativas, desde que apropriadas e seguras.
Signatárias: European Respiratory Society, American Thoracic Society, International Union Against Tuberculosis and Lung Diseases, Asian Pacific Society of Respirology, Asociación Latino Americana De Tórax, Global Initiative for Asthma.