Fechar

Busca no site:

SBPT presente na divulgação do Epicovid 2.0, um estudo sobre os impactos da pandemia

Nesta quarta-feira (18/12), a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Dra. Margareth Dalcolmo, participou da coletiva de imprensa, promovida pelo Ministério da Saúde, que apresentou os resultados da pesquisa Epicovid 2.0. Na ocasião, a ministra da saúde, Nísia Trindade, destacou que a pesquisa não traz apenas o impacto biológico do vírus, mas também as consequências duradouras para a saúde mental, social e econômica dos brasileiros.

“É um estudo amplo e abrangente sobre a doença, que começou em 2021, mas que não teve continuidade à época em decorrência do negacionismo em relação à ciência e a não disponibilização de dados”, lembrou. “Hoje, o Ministério da Saúde reconhece a importância da pesquisa e mantém a linha de apoio”, reiterou a ministra, destacando o investimento de R$ 8 milhões de reais para retomar o estudo e entregar os resultados.

Nísia finalizou agradecendo a colaboração científica entre a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Católica de Pelotas (UCPel), a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Fiocruz que possibilitaram o sucesso alcançado com a entrega deste importante trabalho.

Segundo o levantamento, 18,9% das pessoas infectadas relataram sintomas persistentes, evidenciando a importância de tratar as condições pós-covid como prioridade em saúde pública. Por isso, a Dra. Margareth Dalcolmo, que participou da pesquisa, por meio da Fiocruz, acredita que Covid longa é, sem dúvida, uma denominação adequada para essa condição que, apesar de recente, já apresenta uma complexidade clínica significativa.

“Não estamos falando apenas de quem ficou internado em terapia intensiva ou intubado, mas de pessoas que apresentam sintomas persistentes que comprometem sua autonomia, como fadiga, alterações de humor, perda de memória, além de manifestações cardiovasculares e respiratórias. Esses sintomas podem desaparecer e voltar a recrudescer sem nenhum novo episódio de Covid-19”, apontou a pneumologista.

Segundo a presidente da SBPT, serviços multidisciplinares como os do Hospital das Clínicas em São Paulo ou da UERJ têm atendido pacientes desde 2021, que agora, em 2024, retornam com sintomas persistentes. “Este é um alerta para a necessidade de políticas públicas integradas e suporte multidisciplinar a esses pacientes. Por isso, é tão importante que estudos como o Epicovid 2.0 continuem ao longo dos próximos anos para atualizar as informações sobre essa entidade que ainda estamos aprendendo a compreender”, concluiu.

Também participaram da coletiva, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA/MS), Ethel Maciel; a representante adjunta da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) no Brasil, Elisa Pietro; a reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lúcia Campos-Pellanda; o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Cláudio José Struchiner; e, por fim e não menos importante, o professor titular da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, Pedro Hallal, responsável pela condução do estudo.

Epicovid 2.0

Realizado em 133 cidades brasileiras, com uma amostra de 33.250 entrevistas, o Epicovid 2.0 é o maior estudo de base populacional sobre a Covid-19 no Brasil, quiçá no mundo.

Entre os principais achados, destacam-se que mais de 28% da população brasileira relatou ter sido infectada pela Covid-19. Entre os que adoeceram, 18,9% relataram sintomas persistentes, como ansiedade (33,1%), cansaço (25,9%), dificuldade de concentração (16,9%) e perda de memória (12,7%), sendo as mulheres e populações indígenas os grupos mais afetados.

A pesquisa também evidenciou a alta adesão à vacinação no país, com 90,2% dos entrevistados recebendo pelo menos uma dose da vacina contra Covid-19 e 84,6% completando o esquema vacinal. Apesar disso, a hesitação vacinal ainda é um desafio, especialmente entre pessoas de menor renda, com 32,4% dos não vacinados afirmando não acreditar na vacina e 27,3% relatando desconfiança em relação às informações sobre os imunizantes.

No campo social e econômico, os efeitos devastadores da pandemia foram amplamente evidenciados: 48,6% dos entrevistados relataram perda de renda, 47,4% enfrentaram insegurança alimentar, 34,9% perderam o emprego e 21,5% interromperam os estudos. Além disso, cerca de 15% dos participantes registraram a morte de um familiar devido à Covid-19, demonstrando a amplitude do impacto do vírus nas famílias brasileiras.

“A pesquisa deixa claro como a desinformação e as desigualdades históricas em saúde foram agravadas pela pandemia, reforçando a necessidade de fortalecer os sistemas de saúde pública com o desenvolvimento de políticas e campanhas educativas eficazes”, arrematou Margareth Dalcolmo.

A SBPT segue comprometida em divulgar estudos e iniciativas que contribuam para o avanço da saúde respiratória no Brasil, reafirmando o papel fundamental da ciência e da colaboração interinstitucional no enfrentamento dos desafios impostos pela pandemia de Covid-19.