A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) marcou presença no 58º Congresso da Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica (SEPAR), realizado de 12 a 14 de junho de 2025, em Bilbao, na Espanha. O evento reuniu especialistas de diversos países para discutir avanços científicos, intercâmbio de experiências e fortalecimento das relações institucionais na pneumologia ibero-americana.
No dia 12 de junho, a SBPT participou da 3ª Cúpula Iberoamericana de Rastreamento de Câncer de Pulmão, uma iniciativa que vem consolidando colaborações entre países de língua portuguesa e espanhola na busca pela ampliação do rastreamento do câncer de pulmão.
“A participação da SBPT na cúpula reforça nosso compromisso com a implementação do rastreamento do câncer de pulmão no Brasil. Esse é um tema que está na nossa pauta prioritária junto ao Congresso Nacional, Ministério da Saúde e à Aliança Brasileira contra o Câncer de Pulmão. Aqui tivemos a oportunidade de trocar experiências com colegas da Europa e da América Latina, entendendo os desafios comuns e as soluções possíveis.”, destacou o presidente da SBPT, Dr. Ricardo de Amorim Corrêa.
O pneumologista e membro da SBPT, Dr. Gustavo Faibischew Prado (Rede D’Or – São Paulo), também participou ativamente da sessão, contribuindo com uma aula sobre avaliação pré-operatória dos pacientes, além de reforçar a importância dos estudos de viabilidade econômica para sustentar a implantação dos programas.
“Precisamos transformar essa evidência que já existe em implementação prática, seja por meio de recomendações — como já fizemos na Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia —, seja pela construção de modelos econômicos, estudos de custo-efetividade e de impacto orçamentário. Essas ferramentas são fundamentais para dialogar com os tomadores de decisão e para que a gente avance mais um passo na adoção do rastreamento de câncer de pulmão dentro da saúde pública no Brasil,” afirmou.
Ele ainda ressaltou que o custo-efetividade é uma questão chave. “O rastreamento não pode ser visto como uma despesa, mas como investimento. Diagnosticar precocemente é oferecer chance real de cura, reduzir a necessidade de tratamentos caros e, principalmente, salvar vidas.”, enfatizou.
Para o Dr. Luís Miguel Seijo, idealizador do encontro, o objetivo é justamente fortalecer o rastreamento do câncer de pulmão na realidade ibero-americana, estimulando a colaboração científica, a geração de conhecimento e a ampla divulgação dos benefícios dessa estratégia. “Nossa missão é identificar juntos os obstáculos e desafios que enfrentamos, tanto na Espanha quanto na América Latina, para tornar a implementação possível. Ninguém mais questiona a eficácia do rastreamento — a questão agora é como torná-lo viável e factível nos nossos países”, frisou.
No dia seguinte, a SBPT esteve presente no III Fórum de Presidentes de Sociedades Latinoamericanas da área respiratória, que contou com representantes da SEPAR, Asociación Latinoamericana de Tórax (ALAT), Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e das sociedades de Colômbia, México, Argentina, Paraguai, Chile e República Dominicana.
Segundo Ricardo de Amorim Corrêa, foi uma reunião extremamente produtiva, que abriu oportunidades concretas de intercâmbio, capacitação e cooperação científica. “A SEPAR, por exemplo, abriu a possibilidade de estágios de curta duração na Espanha, com bolsas, para nossos residentes e especialistas, além de estimular a participação de professores visitantes.”, compartilhou.
Entre os temas debatidos, também ganhou destaque a proposta de realização de simpósios conjuntos entre SEPAR, ALAT e sociedades nacionais, com alternância de representantes de diferentes países. “Esses encontros não só promovem o avanço científico, como também possibilitam a produção de documentos colaborativos com recomendações técnicas, que refletem a realidade de nossos países. Isso fortalece a pneumologia da nossa região,” acrescentou o presidente da SBPT.
As atividades brasileiras no SEPAR seguiram até o dia 14, com a participação do Dr. Gustavo Prado como coordenador de uma sessão conjunta dos Comitês de Câncer e de Doenças Ocupacionais e Ambientais, que debateu o câncer de pulmão relacionado a exposições ambientais e ocupacionais.
“Discutimos profundamente o impacto da exposição ao gás radônio, da poluição atmosférica — especialmente o material particulado de origem veicular e industrial — e das atividades ocupacionais de risco, que ainda hoje são responsáveis por uma parte expressiva dos casos de câncer de pulmão. É fundamental avançarmos em políticas de monitoramento, vigilância epidemiológica e, sobretudo, em ações de mitigação desses riscos,” sublinhou.
Além disso, o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT) e coordenador da área de cirurgia torácica da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Dr. Ricardo Terra, também integrou a programação científica do Congresso, com aulas sobre tratamento cirúrgico dos adenocarcinomas multifocais e o impacto da cirurgia robótica no câncer de pulmão — temas diretamente ligados à sua atuação em oncologia torácica e inovação cirúrgica. “Foi uma troca extremamente rica e, mais do que isso, muito gratificante perceber que estamos na vanguarda do conhecimento e da prática cirúrgica, acompanhando o que há de mais avançado no cenário internacional,” pontuou.
A participação da SBPT no 58º Congresso SEPAR reforça seu compromisso com a construção de parcerias internacionais, a promoção de ações efetivas para o diagnóstico precoce do câncer de pulmão e o fortalecimento das estratégias de enfrentamento às doenças respiratórias no Brasil e na América Latina.