Nesta quarta-feira (18/10), a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Dra. Margareth Dalcolmo, participou da edição dos Seminários Avançados em Saúde Global e Diplomacia da Saúde que abordou o tema Vacinas e vacinação – Desafios para a equidade global, como introdutora e mediadora do debate.
Organizado pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) sob a coordenação do Dr. Paulo Buss, o seminário contou com a participação do diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa; do diretor do PNI, Eder Gatti; do vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz), Marco Krieger; e da pesquisadora do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Claudia Gallardi.
Na abertura do seminário, Dra. Margareth Dalcolmo, que também é a embaixadora do movimento nacional pela vacinação do Ministério da Saúde, felicitou os médicos pelo Dia do Médico e refletiu sobre a natureza humanitária dos especialistas que se encontram no exercício da medicina em meio à guerra entre Israel e Palestina.
“Nós somos médicos e temos o ímpeto de cuidar. Faz parte da nossa personalidade. Neste Dia do Médico, só consigo pensar nos nossos colegas atuando em condições tão complexas. É neles que eu penso e a eles que eu tomo a liberdade de dedicar esse nosso seminário”, iniciou a médica e pesquisadora da Fiocruz.
Em seguida, a presidente da SBPT analisou, de modo geral, a história da vacinação e de como os imunizantes contribuíram para o aumento na expectativa de vida em todo o mundo e relembrou a guerra de narrativas durante a pandemia. A pneumologista enfatizou ainda a importância das vacinas na prevenção de doenças respiratórias e a necessidade de se encarar o desafio de buscar cumprir os objetivos previstos na Agenda 2030 da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Iniciando o debate, Dr. Jarbas Barbosa comentou os desafios de produção e vacinação enfrentados no continente americano, tanto no período da pandemia como na atualidade e pontuou que a falta de regras claras na distribuição e transferência de tecnologia nos acordos globais de vacinas tem sido um desafio bem anterior à pandemia. “Precisamos ampliar a participação dos países nesse debate global, para aprimorar não apenas os acordos bilaterais, mas também as estratégias de acesso global às vacinas, reconhecendo que os coronavírus são fortes candidatos a novas pandemias. A criação de um mecanismo de compra regional bem regulamentada, por exemplo, agilizaria a produção de vacinas e o desenvolvimento tecnológico regional, reduzindo a dependência externa”, explicou.
Em seguida, o diretor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, traçou o panorama da cobertura vacinal no país e compartilhou os principais desafios enfrentados pelo PNI desde o início do novo governo. “Iniciamos o ano de 2023 enfrentando desafios significativos, com a queda das coberturas vacinais em destaque. Essa situação tem sido amplamente divulgada pela imprensa, e representa um risco real para a nossa população, uma vez que coloca em xeque a proteção contra doenças imunopreveníveis, algumas das quais já foram controladas e até erradicadas”, compartilhou.
Apesar disso, Gatti acredita que a vacinação do presidente Lula diante das câmaras, passou uma importante mensagem, que mobilizou os demais entes federados e sociedade civil organizada de todo o país em prol da vacinação. “Resgatamos o Zé Gotinha como ação de comunicação importante, uma vez que tem efeito impactante numa geração que hoje é pai e mãe, e agora volta a ser apresentado como referência para as crianças da atualidade”, finalizou.
Ainda durante o evento, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS) da Fiocruz, Marco Krieger, falou sobre o cenário atual de inovações no campo das vacinas. “Uma estratégia importante nesse sentido envolve a pesquisa e desenvolvimento de uma vacina universal para a gripe, que não precisa ser atualizada anualmente. E a Fiocruz desempenha importante papel nesse processo, com sua expertise em tecnologias de RNA mensageiro e vetores virais”, destacou.
Por fim, a pesquisadora do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Claudia Gallardi, aprofundou a questão da guerra de narrativas e fake news em torno do tema. Em sua apresentação, trouxe o conceito de infodemia e explicou como a estrutura narrativa do movimento anti-vacina é composto por elementos devidamente pensados e construídos para causar essa reação negativa à vacina.
Dada a importância do tema, o evento foi transmitido pelo Vídeo Saúde Fiocruz no Youtube em português, inglês e espanhol.