Nesta quarta-feira (11/10), a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Dra. Margareth Dalcolmo, participou do encontro “Mulheres Inspiradoras: em prol da saúde e contra o assédio” promovido pela Escola de Magistratura Regional Federal da 1ª Região (Esmaf) em parceria com o TRF1 e a Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF).
Realizado em comemoração ao Outubro Rosa, o evento reuniu mulheres de diversas áreas profissionais para discutir questões de gênero, incluindo paridade salarial, saúde da mulher, pink tax e a importância da aplicação das normas da Resolução n. 351/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) referentes à prevenção e combate ao assédio moral, sexual e discriminação.
“Para nós é uma enorme alegria e grande satisfação ter a presença de todas essas mulheres, ícones e expoentes nos dias atuais, que representam tão bem as mulheres incríveis e inspiradoras que entraram para nossa história” iniciou a diretora da Esmaf e presidente da Comissão TRF1 Mulheres, desembargadora federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) Gilda Sigmaringa Seixas.
A desembargadora também pontuou as principais conquistas das mulheres brasileiras ao longo da história, desde o direito de estudar e votar até a mais recente aprovação da Resolução nº 525/2023 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que busca garantir o acesso das magistradas aos tribunais de 2º grau, e relembrou grandes nomes que alavancaram o debate sobre igualdade de gênero em todo o mundo, como Dandara, Marie Curie, Simone de Beauvoir, Nise de Silveira, Ruth Bader Ginsburg, Rita Lobato, Zilda Arns e Malala Yousafzai.
Tendo em vista a baixa adesão presencial de homens no evento, o vice-presidente do TRF1 no exercício da Presidência, desembargador federal Marcos Augusto de Souza, destacou que o tema não deveria interessar apenas às mulheres, mas à sociedade como um todo.
Na ocasião, o desembargador federal ainda agradeceu à Dra. Margareth Dalcolmo, pelo importante papel de porta-voz da ciência desempenhado no período mais crítico da pandemia da Covid-19. “Fui o presidente do Comitê Gestor de Crise da Covid na 1ª Região. Ouvi-la foi muito útil para mim naquele momento. Por isso, gostaria de registrar em seu nome os nossos agradecimentos às médicas, médicos, pesquisadores e cientistas que nos permitiram passar com o menor dano possível essa fase difícil que todos nós enfrentamos”, concluiu.
Na palestra “A mulher na ciência e no cotidiano: conquista e resiliência”, Margareth Dalcolmo falou sobre a participação das mulheres na ciência e na sociedade, com destaque à resiliência demonstrada por elas durante toda a pandemia.
Como exemplo no meio científico, a presidente da SBPT citou a pesquisadora húngara Katalin Karikó, que recebeu o Prêmio Nobel 2023 junto com o pesquisador Drew Weissman.
“Uma professora que lutou e sofreu todos os tipos de discriminação e não reconhecimento do seu imenso potencial na criação da plataforma de RNA mensageiro, foi aquela que efetivamente salvou milhões de vidas no planeta e segue como modelo, a partir de agora, para a formulação de novas vacinas e medicamentos”, enalteceu a pneumologista.
A médica enfatizou ainda que, apesar das mulheres representarem 52% da força de trabalho na medicina, “ainda é preciso discutir paridade em pleno século XXI”, pontuou.
Questões relacionadas à saúde das mulheres como câncer de colo de útero e de pulmão, bem como os desafios pós-pandemia – com queda nas taxas de vacinação e de exames preventivos e aumento no número de suicídios – também foram temas trabalhados na palestra.
Margareth Dalcolmo elencou algumas linhas de cuidado que precisam ser dadas às mulheres, desde a adolescência, com as devidas vacinações e exames preventivos ao longo de toda a vida.
“O Brasil possui uma das maiores incidências de câncer de colo do útero no mundo. Um câncer que é absolutamente prevenível com a vacina de HPV, que levou muito tempo para ser, finalmente, aprovada para ser incorporada ao SUS, pela gestão atual. Então é fundamental que nós vacinemos as nossas meninas e meninos de 9 até 45 anos de idade”, reforçou.
A presidente da SBPT destacou ainda que, atualmente, o câncer de pulmão têm afetado mulheres e homens com uma incidência bastante similar e faz um alerta sobre o uso de dispositivos eletrônicos para fumar.
“Há décadas atrás, fumar fez parte da libertação da mulher, da conquista de uma certa busca de igualdade. Começaram a fumar porque era considerado glamouroso, dava um certo ar de poder. Nos últimos 30 anos, conseguimos reduzir o número de fumantes no país, que era de quase 40% da população, para menos de 10%. Apesar disso, cigarros eletrônicos têm sido a nova desgraça que se abate sobre as nossas meninas e meninos em todo o país. Mesmo proibidos pela Anvisa, desde 2009, nós sabemos o quão fácil é ter acesso a esses dispositivos. Hoje tenho visto e atendido meninas de 13 anos de idade com os pulmões destruídos pelo uso de cigarros eletrônicos. E a indústria tem feito uma pressão enorme pela regulamentação e liberação desses produtos. Então é muito importante que a justiça esteja engajada conosco nesta luta para resguardar a saúde dos nossos jovens”, arrematou.
O evento foi realizado presencialmente no Auditório da Esmaf e transmitido pelo canal da Escola no YouTube.