O Dia Mundial da DPOC é uma campanha anual conduzida pela Iniciativa Global Para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD), sempre na 3ª quarta-feira do mês de novembro, com o objetivo de aumentar o conhecimento público sobre a doença.
A DPOC é uma síndrome clínica que compreende a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. Os sintomas mais comuns são falta de ar aos esforços, tosse, expectoração e cansaço, que aparecem quando a inflamação dos brônquios e o excesso de muco (característicos da bronquite crônica) dificultam a passagem do ar, causando perda progressiva da função pulmonar.
O enfisema, alteração caracterizada pela dilatação dos alvéolos (espaços aéreos microscópicos onde ocorre a troca de gases entre o ar e o sangue dos capilares) e destruição de suas paredes, também agrava a falta de ar por reduzir a capacidade dos pulmões oxigenarem o sangue.
A DPOC é uma doença tratável com medicamentos (broncodilatadores, anti-inflamatórios e outros, especificados pelo médico), além da reabilitação pulmonar e suplementação de oxigênio, dependendo da gravidade.
Atualmente, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica representa a 3ª causa de morte no mundo (251 milhões/ano). Trata-se de um dado alarmante, já que é possível evitá-la. A melhor forma de prevenção é a cessação do tabagismo, responsável por cerca de 80% dos casos.
Aos pacientes que apresentem sintomas suspeitos, é recomendado consultar o médico, a fim de confirmar o diagnóstico e iniciar precocemente o tratamento, que visa, entre outras coisas, controlar os sintomas, reduzir o impacto da doença no dia a dia, prevenir as exacerbações e retardar a progressão da DPOC.
Pessoas que passaram a perder o fôlego e ficar ofegante durante a atividade física, por exemplo, ou que têm tosse repetitiva ou, ainda, com histórico de exposição à fumaça, devem fazer a espirometria, exame rápido, indolor e não invasivo.
Tratamento
Por ser uma doença crônica, a DPOC deve ser controlada e tratada a longo prazo, com medicações de controle, definidas pelo médico conforme a gravidade da doença. A maioria dos pacientes toma remédios para ajudar na limpeza das vias aéreas, facilitar a respiração, reduzir a inflamação ou aumentar o crescimento e a reparação tecidual.
A reabilitação pulmonar consiste em um programa de treinamento físico e medidas educacionais para mudança de comportamento, manejo de sintomas e ganho de tolerância após os esforços físicos¹ do paciente com DPOC. Os exercícios podem ser feitos em casa ou no hospital. Diversos estudos² demonstraram o papel da reabilitação na redução da dispneia (falta de ar), no aumento do desempenho no exercício, na redução na frequência de crises e melhora da qualidade de vida, independente do estágio clínico da doença.
No entanto, a terapia ainda é pouco difundida. Apenas 1,9% dos pacientes internados com DPOC nos EUA (4.225 de 223.832 indivíduos incluídos na pesquisa²) aderiram aos programas de reabilitação nos 6 primeiros meses.
Exacerbações
Os eventos de piora da tosse, catarro no peito e falta de ar são as chamadas “exacerbações” da DPOC, que podem ocorrer sem causa aparente ou por estímulo de uma infecção respiratória, exposição à poluição, exposição ao tabaco ou descompensação de outras doenças, como eventos cardiovasculares e tromboembólicos. A vacinação para a influenza e para o pneumococo e a cessação do tabagismo são medidas reconhecidas para evitar esses episódios.
No dia a dia, há uma série de estratégias (medicamentosas e não medicamentosas) orientadas pelo médico para os casos de piora das queixas respiratórias. Ainda assim, é importante estar atento e procurar ajuda caso os sintomas não melhorem.
Oxigenoterapia em casa: recomendada para casos específicos de DPOC³
A oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) é a suplementação de oxigênio por um cateter nasal, indicada para pacientes com DPOC grave que preencham critérios bastante específicos. O médico se baseia no valor da medida do oxigênio no sangue, aferida através de um exame chamado gasometria arterial. O uso do oxigênio está associado a um melhor desempenho nas atividades da vida diária, ao aumento da tolerância ao exercício e também ao aumento da sobrevida.
É bom lembrar que a utilização do O2 não deve se restringir aos momentos de “falta de ar”, mas ao maior tempo possível (idealmente 18 a 24h/dia).
Em setembro de 2018, foram gastos mais de 8 milhões com serviços hospitalares para tratar a bronquite, enfisema e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), do Ministério da Saúde.
Mais informações e referências:
¹ Singh SJ, Garvey C, ZuWallack R, Nici L, Rochester C et al. An official American Thoracic Society/European Respiratory Society statement: key concepts and advances in pulmonary rehabilitation. Am J Respir Crit Care Med 2013;188:e13-64.
² Spitzer KA, Stephan MS, Priya A, Pack QR, Pekow PS, Lagu T et al. Participation in Pulmonary Rehabilitation Following Hospitalization for COPD among Medicare Beneficiaries. Ann Am Thorac Soc. 2018 Nov 12. doi: 10.1513/AnnalsATS.201805-332OC. [Epub ahead of print]
³ Mesquita1 CB, A , Knaut1 C, B , Caram1 LMO, C , et al. Impacto da adesão à oxigenoterapia de longa duração em pacientes com DPOC e hipoxemia decorrente do esforço acompanhados durante um ano. J Bras Pneumol. 2018;44(5):390-397.
Forum of International Respiratory Societies. World COPD Day 2018 Fact Sheet.