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Principais artigos científicos sobre a COVID-19 publicados em fevereiro

Periodicamente, a SBPT vai oferecer um resumo de artigos relevantes sobre a COVID-19. Leia nesta edição: “Pneumonia por COVID-19: o que a TC nos ensina?”, publicado no The Lancet, “Características clínicas do coronavírus na China”, do NEJM, e “DPOC associada à COVID grave”, do Respiratory Medicine.

COVID-19 PNEUMONIA: WHAT HAS CT TAUGHT US?1

Elaine Y P Lee, Ming-Yen Ng, Pek-Lan Khong.

The Lancet Infectious Diseases, 2020.

Este artigo foi publicado online, no dia 24 de Fevereiro de 2020, no site da revista The Lancet.

Resumo

A Tomografia Computadorizada de Tórax  (TCT) tem sido uma importante modalidade de exame de imagem no diagnóstico e manejo de pacientes com pneumonia por coronavírus (COVID-19). Na recente publicação de Heshui Shi e colaboradores no The Lancet Infectious Diseases, foram discutidos os  achados do TCT, incluindo a evolução temporal das manifestações radiológicas da pneumonia, relacionando-as com as manifestações clínicas. Nessa, que é a maior coorte observacional de manifestações radiológicas do SARS-COVID19 até o momento,  foi observado que  os achados predominantes foram opacificação de vidro fosco, consolidações  bilaterais e  distribuição periférica e difusa. 2

Observou-se  no estudo de Shi e colaboradores, que um grupo de pacientes assintomáticos apresentou alterações precoces na TCT. Por outro lado, outros estudos têm mostrado pacientes sintomáticos respiratórios com resultados do RT-PCR positivo para SARS-CoV-2 na ausência de alterações na TCT, além de alguns sintomáticos com achados anormais na TCT e falso negativo inicial na RT-PCR para COVID 19. Conforme a pandemia evolui, se observa a variedade de possibilidades na correlação clinica, radiológica e laboratorial, o que pode levar a um dilema para o médico na condução de pacientes com manifestações discordantes. 2

A evolução das manifestações tomográficas na TCT ainda não está bem entendida. Shi e colaboradores relataram opacidades unilaterais em vidro fosco em um subgrupo de 15 pacientes assintomáticos com pneumonia COVID-19, confirmando relatos anedóticos anteriores de que pacientes assintomáticos podem ter alterações tomográficas  antes do início das manifestações clínicas. Este achado sugere que a TC é um exame com alta sensibilidade  para  detecção precoce da  pneumonia COVID-19 mesmo em indivíduos assintomáticos e poderia ser considerado como uma ferramenta de triagem,  juntamente com o RT-PCR , em  pacientes com  histórico significativo de viagem ou contato próximo com indivíduos infectados. A TCT pode ser uma ferramenta de triagem particularmente importante na pequena proporção de pacientes com história epidemiológica e manifestações clínicas compatíveis, e que têm RT-PCR falso-negativo. Foi mostrado também que algumas lesões presentes em indivíduos assintomáticos progrediram para doença difusa bilateral com consolidações, em torno da primeira à terceira semana após o início dos sintomas. 2

Como conclusão temos que a pneumonia COVID-19 se manifesta com anormalidades na TCT, mesmo em pacientes assintomáticos, nos quais observou-se  rápida evolução das opacidades unilaterais focais para opacidades bilaterais difusas em vidro fosco, progredindo para consolidações bilaterais  dentro de 1-3 semanas. A avaliação combinada  das características de imagem, manifestações clínicas e achados laboratoriais podem facilitar o diagnóstico precoce de pneumonia COVID-19. 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Lee EYP1, Ng MY2, Khong PL2. COVID-19 pneumonia: what has CT taught us? Lancet Infect Dis. 2020 Feb 24. pii: S1473-3099(20)30134-1. doi: 10.1016/S1473-3099(20)30134-1. [Epub ahead of print].
  2. Shi H, Han X, Jiang N, et al. Radiological findings from 81 patients with COVID-19 pneumonia in Wuhan, China: a descriptive study. Lancet Infect Dis 2020; published online Feb 24. https://doi.org/10.1016/S1473-3099(20)30086-4

Clique aqui para acessar o artigo na íntegra. 


CLINICAL CHARACTERISTICS OF CORONAVIRUS DISEASE 2019 IN CHINA

W. Guan, Z. Ni, Yu Hu, W. Liang, C. Ou, J. He, L. Liu, H. Shan, C. Lei, D.S.C. Hui, B. Du, L. Li, G. Zeng, K.-Y. Yuen, R. Chen, C. Tang, T. Wang, P. Chen, J. Xiang, S. Li, Jin-lin Wang, Z. Liang, Y. Peng, L. Wei, Y. Liu, Ya-hua Hu, P. Peng, Jian-ming Wang, J. Liu, Z. Chen, G. Li, Z. Zheng, S. Qiu, J. Luo, C. Ye, S. Zhu, and N. Zhong, for the China Medical Treatment Expert Group for Covid-19.

New England Journal of Medicine, 2020.

Este artigo foi publicado online, no dia 28 de Fevereiro de 2020, no site do New England Journal of Medicine.  

Resumo

O artigo em questão aborda uma coorte selecionada de pacientes internados e ambulatoriais na China com diagnóstico de COVID-19, os quais foram registrados na Comissão Nacional de Saúde do referido país. O período compreendido de coleta dos dados foi entre 11 de dezembro de 2019 e 29 de janeiro de 2020. Somente foram incluídos no estudo casos confirmados por meio de RT-PCR em swab nasal e faríngeo. No total, entraram no estudo 1099 pacientes.

Levantados dados referentes à história clínica, sintomas e sinais, resultados laboratoriais pertinentes aos casos e imagem de radiologia simples e tomografia computadorizada de tórax (TCAR).

O desfecho primário composto foi admissão na UTI, necessidade de ventilação mecânica ou óbito, tendo sido os secundários a taxa de óbitos, o tempo entre o início dos sintomas e os desfechos compostos em conjunto ou cada um isoladamente.

Os autores chegaram a resultados bastante relevantes e de valia para uso na prática diária nestes tempos de pandemia pelo coronavírus.

O tempo médio de incubação foi de 4 dias (interquartil de 2 a 7), com idade média de 47 anos (interquartil 35 a 58), sexo masculino em 58,1%. Em termos de sintomas, febre esteve presente em 43,8% na admissão e 88.7% durante o período de internação. Tosse foi registrada como segundo sintoma mais frequente em 67,8%. Náusea e vômitos em 5%, com diarreia em apenas 3,8%.

Em 23,7% da população estudada havia comorbidades, por exemplo hipertensão arterial sistêmica e/ou DPOC. Os casos não graves predominaram com 926 pacientes, comparando-se com 173 considerados graves, sendo estes mais idosos e com  maior associação com comorbidades.

Achados de imagem são extremamente importantes na abordagem inicial, sendo fundamental a TCAR pela identificação de infiltrado em vidro fosco (56,4%) e opacidades focais bilaterais (51,8%).

Laboratorialmente, linfopenia foi o achado mais encontrado (83,2%) com a magnitude de sua alteração proporcional à gravidade, além de trombocitopenia e leucopenia em 36,2% e 33,7% respectivamente. Elevação da proteína C reativa foi detectada na maioria dos pacientes, além do D-Dímero, transaminases e creatino kinase em proporções variáveis na amostragem do estudo.

O desfecho primário composto ocorreu em 67 pacientes (6,1%), 2,3% necessitaram ventilação mecânica e 1,4% evoluiu para óbito.

O tempo médio de internação foi de 12 dias. Tiveram diagnóstico de pneumonia 91,1%, destes cursaram com SDRA 3,4% e choque em 1,1%.

Os autores finalizam o estudo alertando que febre ou alterações radiológicas podem não ocorrer, fato responsável em alguns casos por dificultar e retardar o correto diagnóstico. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Guan WJ, Ni ZY, Hu Y, Liang WH, Ou CQ, He JX, et al.; China Medical Treatment Expert Group for Covid-19. Clinical Characteristics of Coronavirus Disease 2019 in China. N Engl J Med. 2020 Feb 28. doi: 10.1056/NEJMoa2002032. [Epub ahead of print].

 Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


CHRONIC OBSTRUCTIVE PULMONARY DISEASE IS ASSOCIATED WITH SEVERE CORONAVIRUS DISEASE 2019 (COVID-19).

Lippi G, Henry BM.

Respiratory Medicine, 2020.

Este artigo foi publicado online, no dia 24 de março de 2020 no site da revista Respiratory Medicine.

Resumo

Neste artigo, os autores realizaram uma metanálise para avaliar se a DPOC está associada a maior chance de infecção grave por COVID-19. Foram avaliados sete estudos totalizando 1.592 pacientes com COVID-19. Destes, 314 (19,7%) apresentavam a forma grave da doença. No grupo de pacientes graves, a mediana de idade entre os estudos variou de 49 a 66 anos; e no grupo não grave de 37 a 52 anos. Quando os dados dos estudos individuais foram agrupados, foi observado que a DPOC estava significativamente associada ao COVID-19 grave, com razão de chances de 5,69 (intervalo de confiança de 95%: 2,49 – 13,00). Os autores não descreveram o número de pacientes com DPOC, seus dados clínicos, nem tratamentos que estavam utilizando. Portanto, não podemos inferir nenhuma outra avaliação.

Como conclusão desta metanálise foi demonstrado que a DPOC está associada a um risco cinco vezes maior de infecção grave por COVID-19 em comparação às pessoas sem DPOC. A implicação clínica que os autores descrevem é que os pacientes com histórico de DPOC devem adotar medidas mais restritivas para minimizar a exposição potencial ao SARS-CoV-2.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

  1. Lippi G, Henry BM. Chronic obstructive pulmonary disease is associated with severe coronavirus disease 2019 (COVID-19). Respir Med. 2020; published online Mar 24. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2020.105941.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


Apoio:

SBPT promove debate interativo sobre o coronavírus

Nesta quinta-feira (02/04/2020), às 20h, a SBPT promove um debate via internet sobre o tratamento de pacientes com COVID-19.

O Diretor Científico da SBPT, Dr. José Antôno Baddini Martinez, recebe os pneumologistas debatedores Dr. Bruno Guedes Baldi, Dra. Jaqueline Ota e Dr. José Eduardo Afonso Jr. para trocar informações com especialistas de todo o Brasil pela internet.

O evento tem o apoio da Chiesi.

Para participar, entre no site webmeeting.com.br, clique em “acessar o webmeeting” e entre com o código: W5WCX e senha: 547B7. 

 

Equipe de Radiologia oferece consulta para casos de COVID-19

A equipe de Radiologia do Exper Health se dispôs a analisar casos suspeitos de COVID-19. Para solicitar a consultoria, acesse: portalexper.com.br/servicos.

As solicitações também podem ser enviadas para o WhatsApp (51) 99933-4273, em formato de vídeo. Os laudos vêm em até 12 horas, de acordo com os padrões da sociedade britânica (BSTI).

Em documento, os radiologistas disponibilizam também relatório de TC do tórax de COVID-19 clássico/provável, indeterminado e não-COVID. Acesse aqui: COVID-19 – Radiologia.

 

Fonte da imagem: Jornal Brasileiro de Pneumologia.

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Revisão da literatura relevante sobre a COVID-19

Veja os artigos relevantes sobre a COVID-19 publicados no The Lancet, JAMA, NEJM e outras revistas científicas, de 03/02/2020 a 13/03/2020.

Entre os temas estão: os fatores de risco associados à ARDS e às mortes por coronavírus; comorbidades e aumento do risco de infecção; quais são os números reais de mortalidade e mais.

A maior parte dos papers são chineses, mas há também indicações de conteúdos da Suíça, Alemanha, USA, Tailândia, Itália, etc.

Clique aqui para acessar a lista de artigos.

 

Fonte: REACTing – Research and action.

 

SARS-CoV-2 é incluído como procedimento na CBHPM

A Comissão Nacional de Honorários Médicos (CNHM) incluiu o SARS-CoV-2 (Coronavírus COVID-19) na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos 2018 (CBHPM).

De acordo com a Associação Médica Brasileira (AMB), o procedimento foi incluído como SARS-CoV-2 (Coronavírus COVID-19) – pesquisa por RT – PCR, Porte 1A e Custo Operacional 16,140.

  • Atualização – 02/04/2020

De acordo com a ERRATA da RN nº 044/2020, o código correto do procedimento é 4.03.14.61-8, salientando que a valoração segue inalterada.

Fontes:

Errata da RN CNHM 044_2020.

Resolução Normativa CNHM nº 044/2020

COVID-19 e o tabagismo: por que os fumantes correm mais riscos?

O tabagismo causa ou aumenta o risco de complicações de dezenas de doenças, em especial, as doenças cardiovasculares isquêmicas (insuficiência vascular periférica, infarto do miocárdio e derrame cerebral), as doenças respiratórias (bronquite e enfisema) e diversos tipos de câncer.

O tabaco inflama as mucosas das vias aéreas e prejudica os mecanismos de defesa do organismo, tanto os sistêmicos, quanto os locais. Por esses motivos, os fumantes têm maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos. Os fumantes são acometidos com maior frequência de infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose.

A COVID-19 é uma doença muito recente e por esse motivo ainda não existem evidências fortes sobre a sua relação com o tabagismo. Entretanto, na epidemia recente que correu na China, o número de pacientes com a COVID-19 grave, ou seja, com insuficiência respiratória e necessidade de tratamento em terapia intensiva, foi maior entre os fumantes, especialmente naqueles mais idosos e com doenças crônicas não infecciosas, em sua maioria, causadas ou agravadas pelo tabagismo. Além disso, nesses primeiros estudos com grande casuística, entre os pacientes com COVID-19 grave, os fumantes faleceram em maior porcentagem do que os que não fumavam.

Um aspecto relevante é o aumento do risco de contaminação com o coronavírus durante o compartilhamento dos cigarros comuns ou eletrônicos, mas especialmente do narguilé, com pessoas infectadas, muitas das quais estão assintomáticas ou com poucos sintomas da COVID-19.

Todos os fumantes devem tentar deixar de fumar não apenas pelos motivos citados anteriormente como também para reduzir os gastos com o consumo do tabaco, aumentar a sua qualidade e a expectativa de vida.

Referências

  1. U.S. Department of Health and Human Services. The Health Consequences of Smoking: 50 Years of Progress. A Report of the Surgeon General [Internet]. Atlanta, GA: U.S. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention, National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, Office on Smoking and Health, January 2014. https://www.surgeongeneral.gov/library/reports/50-years-of-progress/full-report.pdf
  2. Sales MP, Araujo A, Chatkin J et al. Atualização na abordagem do tabagismo em pacientes com doenças respiratórias. J Bras Pneumol. 2019; 45 (3):e20180314
  3. Reichert J, Araujo AJ, Gonçalves CMC, Godoy I, Chatkin JM, Sales PU, et al. Smoking cessation guidelines. J Bras Pneumol 2008;34(10):845-880.
  4. Zhou F, Du R, Fan G et al. Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, Chine: a retrospective cohort study. Lancet 2020. doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30566-3.
  5. Guan W, Hu Y, Liang W et al. Clinical characteristics of coronavirus disease 2019 in China. New Engl J Med 2020. DOI: 10.1056/NEJMoa2002032
  6. Vardavas C, Nikitara K. COVID-19 and smoking: a systemic review of the evidence. Tob Induc Dis 2020:20. https://doi.org/10.18332/tid/119324

Comissão Científica de Tabagismo da SBPT.

Diretoria SBPT biênio 2019-2020

Clique aqui para baixar a carta em PDF.

Apresentação tomográfica da infecção pulmonar na COVID-19: experiência brasileira inicial

O número atual do Jornal Brasileiro de Pneumologia (JBP vol. 46 n. 2) traz uma comunicação breve sobre o diagnóstico por imagem e achados tomográficos na COVID-19.

O texto é de autoria do Grupo de Imagem Cardiotorácica, do Departamento de Diagnóstico por Imagem do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

De acordo com os pesquisadores, foram publicados múltiplos artigos relatando os achados tomográficos dessa condição, mesmo em pacientes com resultado de RT-PCR negativo, despertando o interesse em relação ao papel da TC no cenário clínico atual.

“O Colégio Americano de Radiologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia recomendam que a TC do tórax seja utilizada em pacientes hospitalizados, com sintomas de pneumonia e com indicação clínica específica para tanto; é importante pontuar que ambos não recomendam a utilização da TC para o rastreamento da doença nem como teste de primeira escolha para o diagnóstico de COVID-19”.

Clique aqui para ler o texto completo.

SBPT libera aulas do Interstício 2020 na plataforma EAD

A SBPT disponibilizou todas as aulas online do XIX Curso Nacional de Doenças Intersticiais e V Jornada Paulista de DIPs.

Para fazer a sua inscrição e ter acesso ao curso, clique aqui.

Os alunos que já estavam inscritos no Interstício 2020 têm direito a assistir às aulas online gratuitamente.

Caso já esteja inscrito, clique aqui para fazer o login e acessar o curso.

 

 

ATS promove webinar gratuito sobre a COVID-19 em 27/03

A American Thoracic Society (ATS) e a American Political Science Review (APSR) convidam para o webinar gratuito “Perspectivas Globais da COVID-19”, em 27/03 (sexta-feira), a partir das 19h (Horário de Brasília).

Inscreva-se aqui.

O número de participantes é limitado a 1.000, mas todos receberão o link de reprodução da palestra nas 24 horas seguintes.

Alerta aos médicos que prestam atendimento a pacientes com quadros respiratórios em vigência da pandemia da COVID-19

Nos últimos dias, nós médicos que cuidamos de pacientes com doenças respiratórias temos nos deparado com inúmeros desafios e situações inéditas.

Apesar de toda angústia, estresse e cansaço vividos pelos profissionais da saúde que atendem doentes com COVID-19, precisamos manter o foco na qualidade da assistência prestada a pacientes acometidos por todo tipo de moléstias respiratórias, não apenas aos infectados pelo novo vírus.

Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia gostaria de relembrar aos seus associados alguns pontos que considera de grande relevância, os quais estão listados a seguir:

  1. De fato, pacientes com pneumopatias crônicas exibem maior risco de apresentar formas graves de COVID-19. Contudo, isso não implica na necessidade de alterações nas medicações de uso contínuo, incluindo broncodilatadores e corticosteroides inalados. No que diz respeito ao uso de agentes imunossupressores e corticosteroides sistêmicos, o bom senso igualmente indica a manutenção dos tratamentos na menor dose possível, ainda que tais pacientes devam redobrar os cuidados de higiene e isolamento social.
  2. É importante que os pneumopatas não se exponham a riscos de contaminação desnecessários. A liberação da teleconsulta pelo CFM facilitará contatos telefônicos ou por meio de aplicativos e, havendo estabilidade dos quadros clínicos dos pacientes, o adiamento de consultas médicas de rotina. Igualmente, as medidas da ANVISA e Secretarias da Saúde aumentando a validade de receitas de medicações controladas e de alto custo, vão reduzir a necessidade dos pacientes precisarem ir a consultórios e ambulatórios médicos apenas para renovação de receitas.
  3. Não podemos esquecer que a COVID-19 é apenas um novo personagem no cenário das doenças respiratórias. Antigos conhecidos nossos como a tuberculose, o H1N1, as pneumonias adquiridas na comunidade, e as neoplasias pulmonares não saíram de cena. Na verdade, tudo leva a crer que no segundo semestre deste ano a COVID-19 estará controlada, mas os demais males respiratórios continuarão na sua toada tradicional. Portanto, é fundamental não nos esquecermos da existência de outros diagnósticos diferenciais respiratórios igualmente importantes em tempos de COVID-19. Ao mesmo tempo, não podemos deixar de fornecer cuidados programados para indivíduos acometidos com moléstias igualmente graves tais como micobacteriores e neoplasias, bem como quadros de exacerbações agudas de asma, DPOC e doenças fibrosantes pulmonares. 

Se uma máxima diz  que “nem tudo que sibila é asma”, agora cabe acrescentarmos: “nem toda tosse com dispneia é COVID-19”.

 

Diretoria da SBPT, Biênio 2019-2020.

Posicionamento da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia sobre o manuseio da asma em vigência da pandemia de coronavírus

O atual surto de doença viral causada pelo SARS-CoV-2 (COVID-19) tem gerado preocupação e dúvidas nos portadores de asma, especialmente em relação à continuidade ou não do tratamento. Pensando nisso, a SBPT vem a público esclarecer alguns pontos:

  1. A asma é doença inflamatória crônica e deve ser tratada com o uso de medicamentos preventivos, como os corticoides inalatórios, isolados ou associados a broncodilatadores, conforme recomendação recentemente publicada pela SBPT e sociedades internacionais. O tratamento da asma deve ser mantido na vigência de infecções virais, considerando que essas infecções são causas frequentes de crise de asma.
  2. O tratamento do broncoespasmo por asma deve ser com o uso de broncodilatadores, beta-2 agonistas de curta duração e anticolinérgicos, preferencialmente administrados via inalador dosimetrado (“bombinha”) e espaçador. O uso do corticoide oral ou endovenoso está indicado nas crises mais graves e deve seguir as recomendações para tratamento da asma, já que acelera a resolução da crise e reduz a chance de recidiva.
  3. Recomendamos o uso dos inaladores dosimetrados (“bombinha”) para a administração de medicamentos na crise de asma, principalmente nos serviços de pronto atendimento. O uso dos nebulizadores convencionais deve ser evitado já que gera micropartículas que podem carrear o vírus para o pulmão e para o ambiente.
  4. No protocolo da Organização Mundial da Saúde de manuseio da COVID-19 não se recomenda o uso de corticoides sistêmicos (via oral, intramuscular ou via endovenosa) em pacientes com pneumonia viral, EXCETO QUANDO OS PACIENTES TAMBÉM APRESENTAM EXACERBAÇÃO DA ASMA OU DA DPOC. Nessa situação, o risco-benefício do seu uso, deve ser considerado. Não usar corticoides sistêmicos durante uma crise grave de asma pode ter consequências sérias. Portanto, se você é portador de asma grave e faz uso de corticoide oral para manter o controle da sua doença ou por ser portador de insuficiência suprarrenal CONTINUE USANDO SUA MEDICAÇÃO COMO PRESCRITA POR SEU MÉDICO.
  5. Os portadores de asma, particularmente os classificados como formas graves, estão incluídos no grupo de risco para complicações, e devem seguir as orientações recomendadas aos portadores de doenças crônicas, tais como restringir o convívio social e, quando possível, desenvolver atividades na forma de home-office. Parentes saudáveis devem ser incumbidos de buscar receitas, evitando a necessidade dos pacientes comparecerem à consulta médica.
  6. Os pacientes portadores de asma devem ser vacinados contra gripe e pneumococo.
  7. O paciente asmático deve seguir todas as recomendações determinadas pelo Ministério da Saúde em caso de febre e sintomas respiratórios, além de ajustar o tratamento da asma, se necessário, conforme recomendações feitas pelo seu médico. Nos casos graves com febre alta e falta de ar, o paciente deve procurar serviço médico.
  8. Fique atento ao site sbpt.org.br/portal/coronavirus e às redes sociais da SBPT para conferir as últimas atualizações.

Referências

  1. Zhou F, Yu T, Du R et al. Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, China: a retrospective cohort study. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30566-3.
  2. Wang D, Hu B, Hu C, et al. Clinical Characteristics of 138 Hospitalized Patients with2019 Novel Coronavirus-Infected Pneumonia in Wuhan, China. JAMA. Published online February 07, 2020. doi:10.1001/jama.2020.1585
  3. Tellier RLi YCowling BJ, Tang JW. Recognition of aerosol transmission of infectious agents: a commentary.BMC Infec Dis 2019.  31; 19(1):101. doi: 10.1186/s12879-019-3707-y.
  4. Clinical management of severe acute respiratory infection when novel coronavirus (2019-nCoV) infection is suspected
  5. https://ginasthma.org/recommendations-for-inhaled-asthma-controller-medications/
  6. Pizzichini MMM, Carvalho-Pinto RM, Cançado JED, Rubin A et al. Recomendações para o manejo da asma da SBPT-2020. J Bras Pneumol. 2020;46(1)e20190307.

 

Comissão de Asma

Diretoria da SBPT, Biênio 2019-2020

Clique aqui para baixar o posicionamento em PDF.

Ampliação de uso do sirolimo para tratamento de indivíduos adultos com linfangioleiomiomatose (LAM)

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) abriu consulta pública sobre a ampliação de uso do sirolimo para tratamento de indivíduos adultos com linfangioleiomiomatose (LAM) até 08/04/2020.

Acesse aqui para contribuir com a Consulta Pública nº 10:

Relatório para a Sociedade.

Relatório técnico.

Outras consultas públicas abertas de interesse do pneumologista são: a incorporação pelo SUS da rifapentina + isoniazida no tratamento da Infecção Latente por Mycobacterium Tuberculosis (ILTB) e as Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico do Mesotelioma Maligno de Pleura.

Acesse todas as consultas públicas aqui.