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É hoje! Debate interativo SBPT trata da abordagem da COVID-19 na UTI

Nesta quinta-feira (30/04), às 20h, o debate online da SBPT traz as últimas considerações da ciência a respeito da COVID-19 na UTI.

Clique aqui e envie a sua pergunta para participar conosco.

O moderador do debate, Dr. Carlos Roberto Ribeiro Carvalho, é médico supervisor do Hospital das Clínicas da FMUSP (HCFMUSP-SP), onde chefia a UTI-Respiratória.

Os debatedores são:

  • Dr. Arthur Vianna, pneumologista e intensivista, coordenador da UTI da Clínica São Vicente (RJ);
  • Dr. Marcelo Alcantara Holanda, Chefe do Serviço de Pneumologia da Universidade Federal do Ceará e
  • Dr. Marcelo Amato, supervisor da UTI-Respiratória do Hospital das Clínicas (HCFMUSP) e responsável pelo Laboratório de Investigação Médica LIM-09 – Pneumologia Experimental (InCor e Faculdade de Medicina da USP).

Participe conosco em webmeeting.com.br. Código WU95Q e senha C4AEB.

Os debatedores darão preferência às perguntas enviadas antes. Fique à vontade para enviar a sua dúvida sobre ventilação mecânica, estratégias protetoras pulmonares e outros assuntos relacionados à COVID-19.

Envie a sua pergunta.

 

COVID-19: resumos de artigos selecionados – parte 9

Os artigos resenhados em 28/04 tratam do papel multiprofissional na reabilitação da COVID-19 e sobre dados clínicos de pacientes admitidos na UTI de Seattle (EUA).

As publicações são do do Journal of Rehabilitation Medicine e do New England Journal of Medicine (NEJM). Conteúdo oferecido com o apoio da GSK:

Rehabilitation of COVID-19 Patients

Resumo

O artigo publicado na Journal of Rehabilitation Medicine em abril de 2020 destaca a impotância do tratamento multiprofissional dos pacientes de SARS-CoV-2 devido ao caráter sistêmico da doença, sendo os principais pontos levantados:

  • SARS-CoV-2 promove alteração grave da relação ventilação-perfusão levando a insuficiência respiratória hipoxêmica com necessidade de oxigenoterapia, ventilação não-invasiva ou mesmo ventilação mecânica invasiva.
  • Devido a natureza sistêmica do COVID-19, há necessidade de reabilitação multiprofissional, especialmente para pacientes com doença grave, idade avançada, obesidade, múltiplas doenças crônicas e falência de órgãos.
  • Na fase aguda da doença, caracterizada principalmente por distúrbios respiratórios e hipoxemia, a reabilitação respiratória precoce é altamente recomendada.
  • Após a resolução da fase aguda, a reabilitação neuromotora é necessária, pois o repouso prolongado pode reduzir as chances de o paciente retornar ao estado funcional pré-infecção.
  • Alterações neuropsiquiátricas como declínio da função cognitiva (principalmente em idosos), ansiedade, depressão e falta de motivação podem estar presentes nos pacientes internados em terapia intensiva.
  • A avaliação e tratamento da disfagia por fonoaudiólogos é fundamental, pois a disfagia pode ser ocasionada pela ventilação mecânica invasiva e uso de sonda nasogástrica.

Após a alta hospitalar, especialmente para os pacientes que persistem com problemas respiratórios, motores ou psicológicos o tratamento deve ser focado principalmente em:

  • Exercício aeróbio (pacientes com distúrbios respiratórios, motores ou de descondicionamento físico);
  • Treinamento de força muscular periférica;
  • Treinamento de equilíbrio estático e dinâmico;
  • Técnicas de depuração brônquica (pacientes hipersecretivos);
  • Recuperação às atividades de vida diária com o apoio de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais;
  • Sessões de aconselhamento, apoio psicológico e treinamento cognitivo.

Referência:

  1. BRUGLIERA, L. et al. REHABILITATION OF COVID-19 PATIENTS. Journal of Rehabilitation Medicine, 2020Apr 15;52(4):jrm00046. doi: 10.2340/16501977-2678.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


 Covid-19 in Critically Ill Patients in the Seattle Region – Case Series

Resumo

O estudo publicado no periódico NEJM em março de 2020 traz os principais dados clínicos dos pacientes admitidos em UTI na região de Seattle (9 hospitais) com Covid-19 confirmado e síndrome respiratória aguda grave, no qual destaca-se:

  • Foram incluídos dados de 24 pacientes, com idade média de 64 anos, 63% do sexo masculino. Os sintomas iniciaram 7 dias antes da admissão.
  • 58% dos pacientes tinham diabetes, 21% insuficiência renal crônica e 14% asma. 22% eram tabagistas ou ex-tabagistas
  • 50% dos pacientes tinham febre na admissão. 75% necessitaram de ventilação mecânica. A maioria (71%) também teve hipotensão, com necessidade de vasopressor.
  • 75% dos pacientes tinha linfopenia. 96% fizeram testagem para Influenza ou outros vírus, todos negativos.
  • 96% realizaram radiograma de tórax, todos com opacidades pulmonares bilaterais. Em nenhum caso foi identificado derrame pleural. Apenas 21% dos pacientes realizaram TC de tórax. 38% dos pacientes realizaram ecocardiograma, nenhum com disfunção cardíaca nova.
  • Dos 24 pacientes, 7 receberam remdesevir, 1 hidroxicloroquina e 1 ritonavir-lopinavir como terapia específica.
  • Metade dos pacientes morreu no período de seguimento. Dos sobreviventes, até o final do estudo, 5 receberam alta para casa. 7 permaneciam no hospital ao final do estudo.

O estudo ajuda a entender o perfil dos pacientes com insuficiência ventilatória por Covid-19, relatando os principais dados clínicos.

Referência:

  1. BHATRAJU, PK. et al. Covid-19 in Critically Ill Patients in the Seattle Region – Case Series NEJM, March 30 2020 doi 10.1056/NEJMoa2004500

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


Apoio:

Nota da SBPT sobre o uso domiciliar de oxímetros de pulso durante a pandemia de COVID-19

Brasília, 28 de abril de 2020.

A SBPT não recomenda o uso irrestrito de oxímetro domiciliar para monitorização da saturação de oxigênio durante a pandemia de COVID-19.

Como não há estudos científicos sobre a referida monitorização em pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de COVID-19, sugerimos que a decisão sobre usar ou não usar monitoração por oximetria domiciliar fique a cargo do médico que assiste o doente.

Não existe indicação do uso de oxímetro domiciliar em indivíduos sem doenças pulmonares crônicas ou como método de diagnóstico precoce da COVID-19.

Diretoria da SBPT.

Clique aqui para baixar esta nota em PDF.

COVID-19: resumos de artigos selecionados – parte 8

Os artigos selecionados para resumo em 24/04 tratam do dano alveolar difuso encontrado na necrópsia de pacientes com COVID-19, a patobiologia das três fases distintas do SARS-CoV-2 e sobre a possibilidade de acometimento do sistema nervoso central (SNC) pelo novo coronavírus.

Conteúdo oferecido com o apoio da GSK.

Pathological study of the 2019 novel coronavirus disease (COVID-19) through postmortem core biopsies

Resumo

Os autores conduziram o presente estudo no Hospital Zhongnan da Universidade de Wuhan, China. Conforme salientado por este grupo de pesquisadores, há escassez de estudos envolvendo necropsias de pacientes falecidos por COVID-19. Por isso, foram realizadas core biópsias post mortem de fígado, pulmões e coração em 4 pacientes com diagnóstico de COVID 19 que tiveram desfechos fatais. As principais observações foram:

  • Os 4 pacientes falecidos (idades entre 59 e 81 anos) eram portadores de comorbidades, sendo que cada um apresentava ao menos uma das seguintes condições: leucemia linfocítica crônica (LLC), rim transplantado, cirrose, hipertensão e diabetes.
  • Todos os pacientes apresentavam pneumonia bilateral caracterizadas tomograficamente por infiltrados em vidro fosco. Nas avaliações por imagens próximas aos óbitos consolidações passaram a ser visualizadas.
  • As imagens em vidro fosco na tomografia de tórax representam a fase exsudativa inicial da pneumonia pela COVID-19.
  • Aspecto comum a todos os pacientes foram as manifestações de dano alveolar difuso. Alterações relacionadas a este diagnóstico histopatológico se basearam no encontro de membrana hialina, exsudatos com fibrina, lesão epitelial e hiperplasia de pneumócitos tipo II. No caso com danos mais avançados detectou-se hemorragia alveolar, necrose fibrinóide em pequenos vasos, além de sinais inflamatórios sugestivos de broncopneumonia bacteriana associada.
  • A pesquisa de coronavírus por RT-PCR foi positiva em alguns pacientes no coração, fígado e pulmão, não obrigatoriamente encontrada de forma simultânea.
  • Core biópsia do coração foi obtida somente em dois pacientes, tendo sido encontrada discreta fibrose focal e leve hipertrofia miocárdica, achados possivelmente ocasionados pelas doenças de base.
  • O fígado apresentou dilatação sinusoidal leve, achado inespecífico em pacientes gravemente enfermos nos estados terminais. Demais alterações foram atribuídas às doenças prévias de cada caso.

Os autores concluíram que o achado pulmonar principal é dano alveolar difuso, sem fibrose pulmonar nos casos analisados. E que novos estudos com maior número de pacientes são necessários para o alcance de entendimento mais amplo sobre a patogênese da COVID-19.

Referência:

  1. TIAN, S. Pathological study of the 2019 novel coronavirus disease (COVID-19) through postmortem core biopsies. Modern Pathology Apr 14, 2020 Mar 30. org/10.1038/s41379-020-0536-x.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


PATHOGENESIS OF COVID-19 FROM A PATHOBIOLOGIC PERSPECTIVE.

Resumo

O artigo publicado na ERJ em abril de 2020 descreve a patobiologia das 3 distintas fases do SARS-CoV-2, como veremos a seguir:

Fase 1: Assintomática (1-2 dias iniciais)

  • O vírus SARS-CoV-2 aparentemente se liga às células epiteliais da cavidade nasal e inicia sua replicação através da ligação ao receptor ACE2.
  • Há propagação viral local, porém a resposta imune inata é limitada.
  • Pode ser detectado pelo Swab nasal.
  • Carga viral baixa, porém são pacientes infectantes.

Fase 2: Resposta das vias aéreas superiores e vias aéreas condutoras (próximos dias subsequentes)

  • O vírus migra para as vias aéreas condutoras e começa a resposta imune inata mais robusta.
  • Detecção por Swab nasal, escarro e marcadores da resposta inata.
  • A doença já é clinicamente manifesta.
  • 80% dos indivíduos contaminados manifestarão a forma leve da doença, e poderão ser tratados em casa, com sintomáticos.

Fase 3: Hipóxia, opacidades tipo vidro fosco e progressão para Síndrome de Angústia Respiratória Aguda (SARA).

  • 20% dos indivíduos terão infiltrado pulmonar e progredirão para esta fase.
  • Aproximadamente 2-5% terão doença muito grave.
  • O vírus agora chega às unidades de troca gasosa, infectando e destruindo os Pneumócitos tipo II, geralmente nas áreas periféricas e subpleurais.
  • O resultado é Dano Alveolar Difuso (DAD), com formação de membrana hialina rica em fibrina levando a um ciclo de dano/reparo aberrante podendo culminar em fibrose mais rapidamente que outras formas de SARA.
  • A recuperação exigirá vigorosa resposta imune inata e adquirida e regeneração epitelial.

Referência:

  1. MASON, R.J. et. al. PATHOGENESIS O COVID-19 FROM A PATHOBIOLOGIC PERSPECTIVE. Eur Respir J 2020; in press. doi.org/10.1183/13993003.00607-2020

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


The neuroinvasive potential of SARSCoV-2 may play a role in the respiratory failure of COVID19 patients

Resumo

Os autores desse artigo de revisão alertam para a possibilidade de acometimento do sistema nervoso central (SNC) pelo SARS-CoV-2, fundamentada nas manifestações clínicas compatíveis e analogia com estudos prévios com o SARS-CoV e MERS-CoV. Seguem as principais considerações:

  • Análise genômica mostra que o SARS-CoV-2 tem a ancestralidade dos ßcoronavirus (assim como MERS-CoV e SARS-CoV) e compartilha sequência altamente homóloga com a SARS-CoV.
  • Pacientes com COVID-19 podem apresentar manifestações clínicas compatíveis com envolvimento neurológico, como cefaleia, náuseas, vômitos e rebaixamento do nível de consciência.
  • Estudos anteriores com SARS-CoV e MERS-CoV mostraram acometimento do cérebro e tronco cerebral.
  • Alguns coronavírus têm capacidade de disseminação neuronal, via conexões sinápticas, para o centro cardiorespiratório medular, advindos de mecanoreceptores e quimiorreceptores dos pulmões e vias aéreas periféricas. Esta manifestação pode danificar o centro respiratório medular e comprometer o controle ventilatório.
  • Considerando-se a similaridade entre SARS-Cov e SARS-CoV-2, alerta-se para o acometimento do SNC no COVID-19 que pode, decorrente da disfunção do controle ventilatório neuronal, tornar mais desfavorável a evolução da insuficiência respiratória.
  • Estima-se ser de 8 dias a mediana de latência entre o início dos sintomas da COVID-19 e o desenvolvimento da insuficiência respiratória com indicação de UTI. Esse período seria suficiente para a invasão do SNC.
  • Observações recentes relatam doença cerebrovascular e deterioração do nível de consciência, em pacientes com formas graves da COVID-19.

Referência:

  1. YAN‐CHAO, LI. Et al. The neuroinvasive potential of SARS‐CoV-2 may play a role in the respiratory failure of COVID‐19 patients. J Med Virol. 2020;1–4. https://doi.org/10.1002/jmv.25728, Accepted: 24 February 2020 DOI: 10.1002/jmv.25728.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


Apoio:

COVID-19: resumo de artigos selecionados – parte 7

Em 22/04, selecionamos os artigos sobre a apresentação tomográfica da infecção pulmonar na COVID-19, publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia (JBP), e sobre a relação da exposição à nicotina e vulnerabilidade ao coronavírus, do The FEBS Journal. 

O conteúdo é oferecido com o apoio da GSK.

APRESENTAÇÃO TOMOGRÁFICA DA INFECÇÃO PULMONAR NA COVID-19: EXPERIÊNCIA BRASILEIRA INICIAL

Resumo

O artigo descreve os principais achados tomográficos da primeira coorte brasileira de COVID-19. Foram reunidos os 12 primeiros pacientes com diagnóstico confirmado (por RT-PCR) de COVID-19 que foram submetidos ao exame de tomografia computadorizada de tórax, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Os principais achados se assemelham aos que vêm sendo descritos na literatura e estão de acordo com a experiência internacional recente:

  • Opacidades em vidro fosco multifocais bilaterais, por vezes associadas a reticulado fino de permeio (pavimentação em mosaico), geralmente envolvendo vários lobos pulmonares e com distribuição predominantemente periférica no parênquima.
  • Baixa incidência de derrame pleural e a ausência de linfonodomegalias, nódulos ou lesões escavadas.

O artigo ainda discute (analisando literatura recente) que, sob indicações clínicas específicas, a TC de tórax pode auxiliar no diagnóstico desta doença, mas não é recomendada para rastreamento ou como teste de primeira escolha para o diagnóstico de COVID-19.

Referência:

  1. CHATE, R.C .et al. Apresentação Tomográfica Da Infecção Pulmonar Na Covid-19: Experiência Brasileira Inicial bras. Pneumol. 2020 Apr 09. doi:10.36416/1806-3756/e20200121.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra. 


IS NICOTINE EXPOSURE LINKED TO CARDIOPULMONARY VULNERABILITY TO COVID-19 IN THE GENERAL POPULATION?

Resumo

Os autores fazem uma revisão sobre o consumo de nicotina como fator de risco para COVID-19 (coronavirus disease 2019). Como principais pontos, temos que:

  • O gene ACE2 codifica a enzima conversora da angiotensina-2 (ACE2) que, ao que tudo indica, é usado como receptor de ligação pelo coronavirus (2019-nCoV/SARS-CoV-2) no hospedeiro.
  • O tabagismo está associado ao aumento da expressão da proteína ACE2 no pulmão.
  • A exposição prolongada à nicotina pode levar a um mecanismo celular de susceptibilidade viral, o qual pode influenciar na gravidade da doença durante a infecção pulmonar, bem como durante a infecção em outros órgãos.

Os autores ainda destacam que tanto o tabagismo quanto a inalação de nicotina correlacionam-se com um aumento agudo da pressão arterial sistólica e diastólica; e com o aumento da atividade da ACE no plasma.

Referência:

  1. OLDS J L, .et. al. Is nicotine exposure linked to cardiopulmonary vulnerability to COVID‐19 in the general population? FEBS J. 2020 Mar 18. doi: 10.1111/febs.15303.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


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Academia Nacional de Medicina (ANM) realiza sessão conjunta sobre a COVID-19

Na próxima quinta-feira (30/04), às 7h, a Academia Nacional de Medicina (ANM) vai realizar uma sessão conjunta com a Parasitic Diseases, da China, sobre os esforços para lidar com a COVID-19.

A sessão será trnasmitida online, via Facebook. Clique aqui para assistir: https://www.facebook.com/anm1829.

Programação:

Debate interativo SBPT: procedimentos da Pneumologia – 23/04/2020

Assista ao debate interativo online da SBPT sobre os procedimentos da Pneumologia em tempos de coronavírus. A edição foi transmitida em 23/04/2020.

A edição desta quinta-feira (30/04) vai abordar COVID-19 na UTI, com especialistas da linha de frente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP).

Salve esta data – 30/04
Debates Interativos SBPT – Abordagem da COVID-19 na UTI

Em webmeeting.com.br, às 20h.
Código: WU95Q e Senha: C4AEB

Moderador:
Dr. Carlos Roberto Ribeiro Carvalho (SP)

Debatedores:

Dr. Marcelo Britto Passos Amato (SP)
Dr. Marcelo Alcântara Holanda (CE)
Dr. Arthur Vianna (RJ)

Envie a sua pergunta com antecedência para a edição desta quinta-feira (30/04): http://abre.ai/debateinterativo30deabril

Podcast SBPT COVID-19: instruções para pacientes com doenças respiratórias crônicas

No podcast especial da SBPT sobre a COVID-19, a Diretora de Comunicação da Sociedade, dra. Tatiana Galvão, entrevista o Diretor Científico da SBPT, dr. José Baddini Martinez, sobre os cuidados que os pacientes com doenças respiratórias precisam ter com relação às vacinas, ao uso de medicações, isolamento social e tabagismo.

Os pneumologistas abordam também quais são as diferenças entre sintomas de covid-19 e outras doenças respiratórias. 

Ouça:

 

Nicotina e o novo coronavírus: organizações assinam nota conjunta

A ACT – Promoção da Saúde, a Associação Médica Brasileira, a Associação Brasileira de Pediatria, a Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas, a Fundação do Câncer, a Campaign for Tobacco-Free Kids e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia assinam a seguinte nota sobre tabagismo e a COVID-19.

Clique aqui para ler a nota conjunta.

Cuidados de pacientes com pneumoconiose em tempos de COVID-19

Entre os indivíduos considerados “grupos de risco” pela probabilidade de desenvolverem formas mais severas da COVID-19 estão os portadores de doenças respiratórias crônicas, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, a Asma Brônquica e outras doenças que alteram fisiopatologia e a estrutura do sistema respiratório, facilitando a instalação de infecções respiratórias pelo comprometimento dos mecanismos normais de defesa local e sistêmica.

Embora não existam estudos específicos de Covid-19 em portadores de pneumoconioses, esse grupo de doenças, como a silicose, a pneumoconiose dos mineiros de carvão, a asbestose e as pneumoconioses por poeiras mistas, como ponto comum, apresentam áreas de fibrose com diferentes graus de colagenização alterando a estrutura do parênquima e das vias aéreas menores, predominantemente[1].

A patogenia das pneumoconioses envolve também uma cascata de fenômenos inflamatórios no microambiente pulmonar e sistêmico. Esses fatores são facilitadores da colonização por microorganismos e de instalação de infecções respiratórias. Citamos como exemplo a alta prevalência de tuberculose em expostos à sílica.

Além das alterações inerentes à doença, portadores de pneumoconiose geralmente são indivíduos do sexo masculino, de faixas etárias mais elevadas e com determinantes sociais que dificultam a manutenção de um isolamento social efetivo. Ressalta-se que, esse perfil sofre diferenças em dependência das regiões do país e peculiaridades das atividades econômicas. Com frequência, como por exemplo, no estado de MG, pacientes com silicose provenientes de garimpos e de lapidações são trabalhadores autônomos e/ou informais, jovens, com dificuldades de acesso a serviços de saúde[2].

Portanto trata-se de uma população de alta vulnerabilidade para efeitos graves da COVID-19.

Sugerimos, através deste documento, que os serviços de referência em Pneumologia Ocupacional, Saúde do Trabalhador, Ambulatórios de Doenças Intersticiais e Serviços de Pneumologia, que possuem cadastro de portadores de pneumoconiose, enviem informações individuais (por exemplo, mensagem via celular) ou e-mails aos órgãos municipais das cidades de maior ocorrência de pneumoconioses, com informações destinadas à proteção individual e alerta aos próprios serviços municipais que tenderão a ter maior demanda de casos graves.

Cada paciente deve ser bem informado de sua doença e ter em mãos, sempre que possível, a descrição de sua condição clínica, seu exame de imagem e de função pulmonar, para facilitar atendimentos em situações de emergência.

Este documento não trata de propor medidas diferentes daquelas amplamente divulgadas, mas um reforço aos cuidados divulgados para grupos de risco, notadamente o distanciamento social, a higiene pessoal e da habitação, o uso de máscaras, a manutenção regular de medicamentos para doenças associadas como, diabetes e doença pulmonar obstrutiva crônica e, muito importante, a vacinação contra influenza e pneumococo.

Por se tratar de uma nova doença, outras orientações poderão ser recomendadas, conforme novas evidências relacionadas à prevenção, tratamento e, possivelmente, vacinação específica, sejam descritas.

Comissão Científica de Doenças Ocupacionais e Ambientais da SBPT.


Referências

[1] Disponível em https://dai-global-digital.com/covid-19-data-analysis-part-1-demography-behavior-and-environment.html. Acesso em 13/04/2020.

[2] Disponível em https://www.artisanalgold.org/2020/03/possible-impacts-of-covid-19-on-asgm-communities/. Acesso em 13/04/2020.

Clique aqui para baixar esta recomendação em PDF.

Nota de posicionamento sobre o manejo da fibrose cística diante da COVID-19

NOTA DE POSICIONAMENTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA EM CONJUNTO COM O GRUPO BRASILEIRO DE ESTUDOS DA FIBROSE CÍSTICA

Brasília, 16 de abril de 2020.

Diante do cenário atual de enfrentamento à pandemia do SARS-CoV-2 (Covid-19), diversas dúvidas e preocupações têm surgido em relação ao manejo das doenças respiratórias crônicas como a fibrose cística. A fibrose cística é uma doença genética que acomete seus portadores desde o nascimento e requer intensos cuidados relacionados à saúde, assim como diversas modalidades terapêuticas, tanto na faixa etária pediátrica como adulta.

Diante disso, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), em parceria com o Grupo Brasileiro de Estudos da Fibrose Cística (GBEFC), vem a público esclarecer alguns pontos essenciais tanto para os profissionais de saúde como para pacientes e familiares de portadores de fibrose cística, com intuito de orientar as ações necessárias para melhor lidar com este período de pandemia:

  1. O portador de fibrose cística deve ser considerado como parte do grupo de risco para complicações relacionadas à infecção pelo novo coronavírus por se tratar de uma doença multissistêmica, com relevante comprometimento da função pulmonar. Entretanto, é importante ressaltar que poucos casos de Covid-19 foram relatados até o momento em portadores de fibrose cística, não sendo possível estimar o real impacto da infecção por SARS-CoV-2 nestes pacientes. A maior parte dos casos de pacientes com doença pulmonar infectados pelo SARS-CoV-2 descrita nos estudos publicados envolvia portadores de doença pulmonar crônica (DPOC) e asma. Além disso, existe uma clara sinalização de que a Covid-19 está relacionada a manifestações mais graves, sobretudo na faixa etária acima de 60 anos.
  2. Todo tratamento habitualmente realizado pelo paciente com fibrose cística deve ser mantido durante a pandemia. É importante ressaltar que uma das melhores formas de combater um quadro infeccioso é estar com sua condição pulmonar mais estável possível. Diante disso, reforçamos a necessidade de manter as inalações, medicamentos orais, manobras de higiene brônquica, fisioterapia, atividade física e nutrição adequada, ou seja, todas as recomendações regularmente prescritas devem ser observadas.
  3. Os pacientes com fibrose cística devem seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde de isolamento social. No momento, não é possível determinar por quanto tempo será necessário manter este isolamento uma vez que esta decisão depende da reavaliação epidemiológica que se encontra em constante evolução. O paciente deve evitar aglomerações e viagens durante o período da pandemia.
  4. A realização de consultas ambulatoriais, internações e exames diagnósticos eletivos deve ser avaliada caso a caso, sendo que esta avaliação cabe ao centro de referência ou médico que acompanha o paciente. Sempre que possível, recomenda-se que estes procedimentos sejam adiados para um momento epidemiológico mais oportuno. Contudo, em situações que as consultas médicas sejam absolutamente necessárias, estas devem ser mantidas e as medidas para prevenção de contágio para o SARS-CoV-2 devem ser tomadas. Caso o centro de referência tenha o serviço de teleconsulta à disposição, esta via poderá ser usada.

a. Caso o paciente precise procurar serviço de saúde ou realizar alguma atividade essencial fora de casa, reforçamos as medidas de prevenção orientadas pelo Ministério da Saúde:

  1. Manter distância de pelo menos 2 metros de outras pessoas.
  2. Ter uma boa higiene das mãos.
  3. Evitar contato das mãos com mucosas da boca, nariz e olhos.
  4. Usar máscara cirúrgica ou de pano (todo paciente com fibrose cística deve regularmente usar máscaras ao ingressar em unidades de saúde para evitar contaminação das vias aéreas por bactérias. Durante a pandemia, além desse objetivo, a máscara tem função de evitar disseminação do vírus em portadores assintomáticos). Não é necessário o uso de máscaras N95.

b. Durante a pandemia, exames de função pulmonar eletivos devem ser desencorajados, conforme nota técnica publicada pela SBPT.

c. Durante a pandemia, exames de escarro de vigilância devem ser desencorajados, a não ser que o paciente apresente sinais e sintomas de exacerbação pulmonar infecciosa. Nos pacientes pediátricos com necessidade de coleta de swab de orofaringe para vigilância de colonização por Pseudomonas aeruginosa, os pacientes devem entrar em contato com seu centro de referência para avaliação da rotina estabelecida durante a pandemia.

5. Caso o paciente com fibrose cística apresente sintomas de exacerbação pulmonar, os centros de referência e unidades de saúde devem manter todo suporte de atendimento necessário, respeitando as medidas de prevenção de contágio viral, tanto para o paciente como para a equipe de saúde.
a. Se disponível, o portador de fibrose cística deverá incialmente procurar atendimento junto à equipe do seu centro de referência. Na indisponibilidade, o paciente deverá procurar assistência no serviço de emergência de sua referência.
b. Como os sintomas de exacerbação pulmonar infecciosa da fibrose cística podem ser confundidos com os sintomas de Covid-19, os pacientes devem ser considerados como casos suspeitos para infecção pelos SARS-CoV-2 e todas medidas de prevenção de transmissão tomadas. Entretanto, é importante ressaltar que todo suporte habitualmente orientado a estes pacientes, como realização de exame de escarro e prescrição de antibióticos guiados por culturas prévias, devem ser mantidos.

6. Em caso de suspeita de infecção pelo SARS-CoV-2, somente pacientes que necessitem de internação devem realizar o teste diagnóstico de identificação viral (PCR-RT) ou sorológico, conforme recomendação atual do Ministério da Saúde, diante a escassez de disponibilidade de testes diagnósticos. Essa recomendação poderá ser alterada conforme orientação das autoridades regulatórias e de acordo com a evolução do cenário epidemiológico.

7. Os centros de referência devem manter o fornecimento habitual dos medicamentos destes pacientes. Recomenda-se ao portador de fibrose cística e seus familiares que a retirada dos medicamentos seja realizada por alguém fora do grupo de risco, sempre que possível. Caso haja necessidade de o paciente retirar seus remédios, medidas de prevenção devem ser tomadas conforme descrito anteriormente.

8. Pacientes com necessidade de uso crônico de ibuprofeno em altas doses devem manter o uso deste medicamento ou entrar em contato com sua equipe médica de referência. Até o momento, não existem evidências concretas de que o ibuprofeno possa interferir negativamente na evolução da infecção pelo SARS-CoV-2.

9. Pacientes com suspeita ou confirmação de infecção por SARS-CoV-2 e que não possuam indicação de internação devem manter seus tratamentos em domicílio e adotar medidas de prevenção contra a transmissão do vírus para outros familiares. Recomenda-se o uso de máscara aos pacientes com infecção por SARS-CoV-2, quando este estiver no mesmo ambiente com outras pessoas. A realização de nebulizações e fisioterapia respiratória deve ser realizada em quarto isolado, com boa ventilação, para evitar disseminação do vírus, uma vez que são atividades associadas a formação de aerossóis.

10. Embora não proteja contra a infecção pelo novo coronavírus, reforçamos a necessidade de todo paciente receber a vacina anual para influenza durante o período de campanha vacinal.

Comissão Científica de Fibrose Cística da SBPT.

Diretoria da SBPT e Diretoria do GBEFC.


Referências

  1. Zhou F, Yu T, Du R et al. Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, China: a retrospective cohort study. Lancet. https://doi.org/10.1016/S0140- 6736(20)30566-3.
  2. Wang D, Hu B, Hu C, et al. Clinical Characteristics of 138 Hospitalized Patients with2019 Novel Coronavirus-Infected Pneumonia in Wuhan, China. JAMA. Published online February 07, 2020. doi:10.1001/jama.2020.1585
  3. Tellier R, Li Y, Cowling BJ, Tang JW. Recognition of aerosol transmission of infectious agents: a commentary. BMC Infec Dis 2019. 31; 19(1):101. doi: 10.1186/s12879-019-3707-y.
  4. Athanazio R, Silva Filho LVRF, Vergara AA et al. Diretrizes brasileiras de diagnóstico e tratamento da fibrose cística. J Bras Pneumol. 2017 May-Jun;43(3):219-245. doi: 10.1590/S1806-37562017000000065.

Clique aqui para baixar esta nota em PDF.

American Thoracic Society (ATS) realiza webinar no sábado, 25/04

Neste sábado (25/04), entre 11h e meio-dia (BRT), a ATS MECOR (Methods in Epidemiologic, Clinical and Operations Research) vai realizar uma aula online sobre o desenvolvimento de uma agenda de pesquisa sobre a COVID-19 em países de baixa e média renda.

A participação é gratuita, mas as vagas são limitadas.

Para se inscrever e enviar a sua pergunta, clique aqui.