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Pneumonia por COVID-19: um fator de risco para tromboembolismo pulmonar?

Na seção de “Imagens em Pneumologia”, do Jornal Brasileiro de Pneumologia vol. 46 n. 4 (julho/agosto), um relato de caso de COVID-19 reforça a pneumonia viral como o potencial fator desencadeante de TEP agudo.

A imagem é apresentada por Dany Jasinowodolinski, radiologista do Hospital do Coração (HCor); Mariana Marins Filisbino, pneumologista do HCor e Bruno Guedes Baldi, pneumologista do Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC FM-USP).

Clique aqui para conferir.

Pneumologista brasileira observa que o tratamento com heparina melhora a hipóxia na COVID-19 grave

A Dra. Elnara Negri e a equipe de médicos do Hospital Sírio-Libanês trataram 27 pacientes internados com COVID-19 com heparina em doses adaptadas à gravidade clínica.

Como resultado, o uso da medicação foi associado a uma menor taxa de mortalidade: 81% recebeu alta em casa em um tempo médio de 11,4 dias e a maioria dos pacientes sob ventilação mecânica (67%) foi extubada em cerca de 12,5 dias.

Em entrevista a duas importantes revistas científicas internacionais – Science e Nature, a Dra. Elnara explicou que há possibilidade de haver uma resposta de hipercoagulação logo no início da infecção, causando uma reação inflamatória nos vasos sanguíneos, seguida da formação de microtrombos que impedem que o sangue seja oxigenado adequadamente.

“O d-dímero elevado é um indicador de severidade e mortalidade em pacientes com COVID-19 e as autópsias dos pacientes infectados revelaram trombos na microcirculação”, relata a autora.

“Curiosamente, na COVID-19, na maioria dos pacientes, a complacência pulmonar é preservada, apesar da hipoxemia grave, corroborando com a hipótese de que a redução da perfusão alveolar pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento de insuficiência respiratória”, completa.

Em entrevista à Agência FAPESP em 15/05/2020, a Dra. Negri detalha a descoberta: o SARS-CoV-2 induz à descamação do tecido epitelial no interior dos alvéolos, deixando a membrana basal exposta. A tempestade inflamatória é seguida pela ativação da cascata de coagulação, coma formação de microtrombos inicialmente na microcirculação pulmonar, podendo progredir para outros órgãos.

Os coágulos acabam obstruindo pequenos vasos do pulmão e causando microinfartos. As regiões do tecido que morrem por falta de irrigação dão lugar a tecido cicatricial. Além disso, os microtrombos que se formam na interface do alvéolo com os vasos sanguíneos impedem a passagem do oxigênio para as pequenas artérias.

A Dra. Negri defende que a intervenção com anticoagulante comece assim que se comprove que a saturação de oxigênio está abaixo de 93%, o que pode ocorrer entre o sétimo e o 10º dia após o início dos sintomas gripais, que podem ser diagnosticados pelo médico no consultório ou Unidade Básica de Saúde (UBS).

A pesquisadora alerta, ainda, para os riscos da automedicação: “comprar o remédio na farmácia e tomar por via oral não tem efeito terapêutico e ainda pode induzir uma hemorragia. O tratamento deve ser injetável e a dose ajustada pelo médico”.

O estudo da Dra. Elnara Negri está disponível na plataforma medRxiv ainda em versão preprint (sem revisão por pares).

A próxima etapa é iniciar o projeto de comprovação da eficácia da heparina no tratamento da COVID-19, por meio de ensaio clínico randomizado, e observar se a terapia pode evitar a ventilação mecânica em alguns casos. Para isso, os pesquisadores da FM-USP planejam uma parceria com grupos das Universidades de Toronto e Amsterdã.


A Dra. Elnara Negri é médica pesquisadora dos laboratórios de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e pneumologista do Núcleo Avançado de Tórax do Hospital Sírio Libanês. Tem 30 anos de experiência clínica, atuando principalmente em medicina intensiva, broncoscopia e pneumologia. Linhas de pesquisa: remodelamento pulmonar na insuficiência respiratória e mecanismos de defesa pulmonar, DPOC e câncer de pulmão. É pneumologista sócia da SBPT desde 1995.

Veja mais:

TOLEDO, Karina. COVID-19 deve ser tratada como uma doença trombótica, afirma médica brasileira. Agência FAPESP. 15 mai 2020. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/covid-19-deve-ser-tratada-como-uma-doenca-trombotica-afirma-medica-brasileira/33175/>;

LEDFORD, Heidi. Autopsy slowdown hinders quest to determine how coronavirus kills. Revista Nature. 7 mai 2020. Disponível em: < https://www.nature.com/articles/d41586-020-01355-z>;

NEGRI, E.M, et al. Heparin therapy improving hypoxia in COVID-19 patients – a case series. medRxiv 2020.04.15.20067017; doi: https://doi.org/10.1101/2020.04.15.20067017. 30 abr 2020.

COUZIN-FRANKEL, Jennifer. Why don’t some coronavirus patients sense their alarmingly low oxygen levels?. Revista Science. 28 abr 2020. Disponível em: < https://www.sciencemag.org/news/2020/04/why-don-t-some-coronavirus-patients-sense-their-alarmingly-low-oxygen-levels>;

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Debates Interativos SBPT – Tratamento de suporte, medicamentos a serem considerados, estudos clínicos e indicadores de evolução. 16 abr 2020. Disponível em: <https://youtu.be/GY5wuOtUEvU>.

Debate Interativo SBPT 21/05 – COVID-19: o que acontece depois da alta?

Não perca o Debate Interativo SBPT desta quinta-feira (21/05), online e ao vivo. Os pneumologistas convidados vão discutir os desfechos da COVID-19 e o acompanhamento do paciente após a alta hospitalar.

Envie a sua pergunta: http://abre.ai/debateinterativo21demaio.

Participe ao vivo dia 21/05, às 20h, em webmeeting.com.br, com o código WHPPJ e senha G66AE.


Na edição do Debate Interativo SBPT de 14/05, mais de 580 pessoas participaram ao vivo de todo o Brasil e acompanharam os casos clínicos de COVID-19 apresentados pelos pneumologistas. Assista ao vídeo completo do evento:

Diretrizes Para o Tratamento Farmacológico da COVID-19

Em Consenso, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) apresentam um painel de recomendações sobre as formas de intervenção na COVID-19 estudadas até o momento e se posicionam sobre cada uma delas.

As recomendações têm base nas evidências científicas, riscos de eventos adversos, benefícios, custos e acesso.

Leia o documento completo em PDF.

COVID-19: o que aprendemos? Veja no Jornal Brasileiro de Pneumologia

Em editorial publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia, vol. 46 n. 3 (maio/junho), as médicas Yeh-Li Ho e Anna Miethke-Morais, do Hospital das Clínicas da FM-USP, explicam a importância das políticas restritivas e comentam sobre as estratégias terapêuticas adotadas pela comunidade médica contra a COVID-19.

Clique aqui para ler o texto completo.

Ho1 Y, A, Miethke-Morais2 A, B. COVID-19: o que aprendemos? J Bras Pneumol. 2020;46(3):e20200216.

AMB, ANM e FBAM realizam webinar sobre a COVID-19 em 19/05/2020

Amanhã (19/05), às 11h, a Associação Médica Brasileira (AMB), Academia Nacional De Medicina (ANM) e Federação Brasileira De Academias De Medicina (FBAM) realizam o Webinar COVID-19: Perspectivas.

Confira os coordenadores e palestrantes convidados:

Clique aqui para participar.

 

COVID-19: resumos de artigos selecionados – parte 12

12 de maio de 2020.

Os artigos escolhidos para resenha tratam da alta incidência de tromboembolismo venoso (TEV) em pacientes com COVID-19 e dos eventos cardiovasculares nos infectados pelo novo coronavírus.

High Incidence of Venous Thromboembolic Events In Anticoagulated Severe Covid-19 Patients

Resumo

O artigo tem por objetivo avaliar, de forma sistemática e por meio de ultrassom doppler completo, a incidência de tromboembolismo venoso (TEV) em pacientes com COVID-19 (coronavirus disease 2019) grave, internados em UTI.

Métodos:

  • Estudo retrospectivo em duas UTIs francesas.
  • Entre os dias 1 e 3 após admissão na UTI, os pacientes foram submetidos a ultrassom doppler venoso de membros inferiores.
  • Em pacientes sem TEV no primeiro ultrassom, um novo US foi realizado no 7º dia de internação.
  • Angiotomografia de tórax ou ecocardiografia transesofágica para pesquisa de TEP foram realizadas nos pacientes com insuficiência respiratória persistente ou secundária.
  • Anticoagulação foi deixada a critério do médico assistente, com base no risco individual de trombose. Os pacientes foram classificados como tratados com anticoagulação profilática ou com anticoagulação terapêutica.

Resultados:

  • Foram avaliados 26 pacientes com mediana de 68 anos de idade, 77% do sexo masculino, mediana de IMC de 30,2Kg/m2, 85% de hipertensos, 27% já usavam anticoagulação antes da internação. Todos os pacientes foram submetidos a ventilação mecânica, com posicionamento prono em 62%.
  • Medianas de D-dímero 1.750 ng/mL e fibrinogênio 7 g/L.
  • Tratamento com anticoagulação:
    • Profilática: 31% dos pacientes (n = 8)
    • Terapêutica: 69% dos pacientes (n = 18)
  • Incidência geral de TEV periférico: 69% (n= 18)
    • Grupo anticoagulação profilática: 100% (n= 8)
    • Grupo anticoagulação terapêutica: 56% (n= 10)
  • Incidência de embolia pulmonar: 23% (n= 6), sendo que todos ocorreram nos pacientes com anticoagulação terapêutica.
  • A mortalidade geral foi de 12%.

    Interpretações:

  • Há alta incidência de TEV e TEP em pacientes com COVID-19 graves e internados em UTI. Mesmo em pacientes com anticoagulação terapêutica, essa incidência segue elevada.
  • Esses achados reforçam o alto risco de fenômenos tromboembólicos em pacientes com COVID-19 e a necessidade de triagem e monitorização de rotina para TEV em pacientes internados em UTI.

Referência:

  1. LLITJOS, JF. et al. High Incidence of Venous Thromboembolic Events in Anticoagulated Severe Covid-19 Patients J Thromb Haemost. 2020 Apr 22. doi: 10.1111/jth.14869.

Clique aqui para acessar o artigo na íntegra.


COVID-19 AND THE CARDIOVASCULAR SYSTEM

Resumo

Os autores  revisam e comentam os principais achados cardiovasculares relacionados à COVID-19 (coronavirus disease 2019). Seguem as considerações mais relevantes:

  • A enzima conversora da angiotensina-2 (ECA-2) é um receptor funcional para o Coronavírus. Não há evidências de que pacientes com COVID-19 e hipertensão, que fazem uso de inibidores da ECA, devam trocar de medicamento. No entanto, seu uso deve ser realizado de forma cautelosa.
  • De acordo com o NHC (National Health Commission of China), alguns dos pacientes infectados pelo novo coronavírus (SARSCoV2) inicialmente buscaram o sistema de saúde por sintomas cardiovasculares e não por sintomas respiratórios.
  • 11,8% dos pacientes que foram a óbito apresentavam alterações cardíacas extensas, segundo o NHC.
  • A possibilidade de doença cardíaca crônica pós-Covid também é apontada a partir de dados do SARS-CoV, que tem estrutura muito parecida com o SARS-CoV-2, sugerindo que é preciso ter atenção para esta situação.
  • Pacientes com doença cardíaca prévia apresentam maior risco de desenvolver sintomas graves, quando infectados pelo novo coronavírus. A mortalidade nesse grupo também é importante.

Os autores concluem que é provável que o novo coronavírus infecte o hospedeiro através da ECA-2, causando também dano ao miocárdico. Em função do pior prognóstico em cardiopatas prévios, é fundamental a proteção cardiovascular durante o tratamento da COVID-19.

Referência:

  1. ZHENG, YY.et al. Covid-19 and the cardiovascular system. Nat Rev Cardiol. 2020 Mar. 05 doi:10.1038/s41569-020-0360-5.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.


Apoio:

Debate interativo SBPT vai discutir casos clínicos de COVID-19

Nesta quinta-feira (14/05), às 20h30, acompanhe o Debate Interativo SBPT sobre a COVID-19 no dia a dia dos pneumologistas: discussão de casos clínicos.

O moderador é o Diretor de Ensino da SBPT e pneumologista do Instituto do Coração (InCor), do HC-FMUSP, Dr. Alberto Cukier.

Os debatedores são os Drs.:

  • Benedito Francisco Cabral Jr., Secretário Geral da SBPT e pneumologista da Secretaria de Estado de Saúde do DF.
  • Leandro Genehr Fritscher, pneumologista membro do Serviço de Pneumologia da PUCRS e do Serviço de Pneumologia do Hospital Moinhos de Vento e
  • Marcelo Fouad Rabahi, coordenador da Rede de Pesquisa em Doenças Pulmonares e Tabagismo da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), Fellow da American Thoracic Society e Membro Titular da Academia Goiana de Medicina.

Clique na imagem do convite para enviar a sua pergunta:

Na quinta-feira (14/05), às 20h30, acesse webmeeting.com.br com o código WEPZZ e a senha B37G3.


Assista também ao último Debate Interativo SBPT sobre aspectos éticos e telemedicina, transmitido em 07/05/2020. Confira respostas sobre atendimento a distância, agendamento, prontuário digital, plataforma de webconferência, cobrança, privacidade de dados, direitos e deveres do médico.

Veja o vídeo completo:

 

Assista ao webinar da SBPT – “Pergunte ao Pneumologista”

Mais de 300 pessoas participaram do debate ao vivo da SBPT para responder às dúvidas dos pacientes, realizado em 11/05/2020. 

Foram respondidas perguntas sobre medicamentos inalatórios (“bombinhas”), asma, bronquite, DPOC, COVID-19 e muitas outras.

A moderadora é a presidente-eleita da SBPT, Dra. Irma de Godoy. Os debatedores são os médicos pneumologistas com ampla experiência de contato com o público, Dr. Mauro Gomes e Dr. Paulo Faleiros.

Assista ao vídeo completo:

SBPT realiza webinar para responder às dúvidas dos pacientes

Hoje (11/05), às 19h, a SBPT vai realizar o webinar “Pergunte ao Pneumologista” para responder às questões dos pacientes sobre saúde pulmonar no outono/inverno e em tempos de COVID-19.

A moderação é da presidente-eleita da SBPT para 2021-2022, Dra. Irma de Godoy. Os palestrantes são os pneumologistas membros das Comissões Científicas da SBPT, Dr. Mauro Gomes e Dr. Paulo Faleiros. Não perca!

Clique no convite para entrar no debate online:

webinar.sbpt.org.br

Assista ao Debate Interativo SBPT: aspectos éticos e telemedicina

Assista ao vídeo completo do Debate Interativo SBPT realizado em 07/05/2020, com o tema “Aspectos Éticos e Telemedicina” em tempos de COVID-19.

O moderador foi o Dr. Flávio Mendonça de Andrade Silva (MG), Diretor de Defesa Profissional da SBPT (2019-2020).

Os debatedores foram os Drs. Augusto Manoel de Carvalho Farias (BA), próximo Diretor de Defesa Profissional da SBPT (2021-2022), Marcelo Gervilla Gregório (SP), Diretor de Defesa Profissional da SBPT em 2017-2018 e Alcindo Cerci Neto (PR), do Conselho Federal de Medicina (CFM).

 

 

JBP publica artigo sobre valores de referência de espirometria para crianças

Leia o artigo original “Valores de Referência de Espirometria para Crianças Brasileiras” no Jornal Brasileiro de Pneumologia vol. 46 n.3, de maio/junho 2020.

“Em resumo, nos propusemos a fornecer novas equações de valores previstos para espirometria, geradas a partir de dados espirométricos prospectivos e retrospectivos de 20 bancos de dados de 15 centros urbanos brasileiros, totalizando 1.990 crianças de 3 a 12 anos de idade”, explica o primeiro autor do estudo, Dr. Marcus Herbert Jones.

“Os dados mostram uma importante discrepância entre os valores obtidos na amostra e as equações em uso no Brasil (SBPT de 2002 e GLI de 2012). Acreditamos que este artigo trará importante contribuição ao manejo de doenças respiratórias crônicas em crianças”, ressalta o pneumologista.

Os autores sugerem revisão periódica dessas equações, com atualizações que incluam avanços na metodologia de avaliação pulmonar, ampliação da amostra, aprimoramento do modelo matemático e melhor caracterização da ancestralidade dos participantes e de suas condições socioeconômicas.

Mais de trinta colaboradores participaram do projeto que teve apoio do CNPq, CAPES, AstraZeneca e, principalmente, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Clique aqui para acessar o artigo completo.