Nos dias 3 e 4 de maio de 2025, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) realizou, no Rio de Janeiro, a IV edição da Oficina de Acolhimento e Nivelamento de Residentes – o SBPT Acolhe. O evento contou com a participação de 61 residentes em pneumologia de diversas regiões do país e 59 tutores e facilitadores de grupos de trabalho.
Mais do que um curso de capacitação, o SBPT Acolhe é um projeto estratégico que promove acolhimento, integração e nivelamento técnico entre os novos residentes da especialidade. A proposta da oficina é preparar esses profissionais para os principais desafios da prática pneumológica, com foco na excelência clínica, na segurança do paciente e no fortalecimento da comunidade médica.
A organização do evento contou com a dedicação da Dra. Paula Werneck, que se encarregou da importante tarefa de montar a lista de tutores, e com a participação ativa de representantes da nova geração de lideranças da pneumologia: as médicas Lais Campolina e Beatriz Chaves. Ambas atuaram diretamente na organização do Acolhe, evidenciando o compromisso da SBPT em envolver e formar novas coordenadoras e líderes nos eventos da sociedade.
Com uma programação intensa, o evento combinou atividades teóricas e práticas, simulações de procedimentos, discussões de casos clínicos e rodas de conversa, sempre conduzidas por pneumologistas experientes e docentes engajados no ensino da especialidade. Dentre os diversos temas, foram abordados punção pleural, ventilação não invasiva, abordagem da dispneia, interpretação de exames funcionais, princípios de interconsultas e pareceres. Além disso, os participantes puderam interagir com colegas de diferentes instituições, construindo uma rede de apoio e aprendizado coletivo.
Para a residente Juliana Sayuri, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (FCM Unicamp), toda a experiência foi muito bem estruturada. “É um curso muito completo, com temas relevantes, professores excelentes, bem engajados e atualizados. Achei que contempla bem os conteúdos importantes, principalmente para quem está no R1. Teve estações em que eu tive mais facilidade, outras em que meu colega se saiu melhor, e algumas em que tive mais dificuldade. Então, para o objetivo de nivelamento, que é a proposta do programa Acolhe, acho que cumpre muito bem o seu papel”, compartilhou.
Com uma percepção semelhante sobre a qualidade do conteúdo, o residente Arthur Henrique, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC FMUSP), destacou especialmente o valor das atividades práticas. “Acho que todas as estações foram muito boas, com preceptores bem solícitos e didáticos. Mas, pela dificuldade maior de ter contato no dia a dia, a que mais me marcou foi a de broncoscopia. Ter a chance de pegar o aparelho com calma, entender melhor o funcionamento, foi algo muito positivo, porque na rotina isso acaba sendo mais corrido e nem sempre conseguimos aproveitar da mesma forma”, pontuou.
Já a residente do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP-PE), Livia Dhayany Lima, reforçou o impacto transformador da experiência. “Achei um evento bem interessante e importante para quem está no R1 de Pneumologia. A troca de conhecimentos, o aprofundamento dos temas e a forma como tudo foi organizado tornaram essa imersão realmente marcante. A gente sai daqui diferente, com mais segurança e bagagem. Todas as oficinas foram muito relevantes, mas gostei especialmente das aulas de radiologia e ventilação mecânica. Foi tudo muito completo, um show de bola.”, salientou.
Segundo o presidente da SBPT, Dr. Ricardo de Amorim Corrêa, o Acolhe é um dos projetos mais significativos da entidade. “Aqui, falamos sobre conhecimento técnico, mas, principalmente, sobre escuta, sobre empatia, sobre fazer parte de uma comunidade que cuida das pessoas com seriedade e afeto”, afirmou. Sua fala sintetiza o espírito do SBPT Acolhe: uma experiência transformadora que vai além do conteúdo técnico e promove vínculos reais entre profissionais que compartilham a mesma missão.
Não por acaso, um dos destaques da programação, foi a estação de comunicação com o paciente, novidade desde a edição anterior e que rapidamente se tornou uma das mais significativas da oficina. Conduzida pelos Drs. Lícia Zanol, Gunter Kissmann, Claudia Costa e Pedro Medeiros, a atividade trouxe reflexões profundas sobre o papel das habilidades interpessoais na prática médica. “Desenvolver essa competência junto aos residentes é essencial. Junto do conhecimento técnico, o domínio da comunicação fará toda a diferença no cuidado diário dos pacientes com doenças pulmonares”, destacou Lícia.
“O diálogo é essencial entre nós, humanos. E, quando estruturado com técnica, transforma tanto a escuta quanto a entrega da informação”, completou Gunter. Pedro reforçou que “a comunicação é uma metacompetência — envolve conhecimento, habilidade e atitude. Vivenciamos aqui situações riquíssimas, inclusive abordando momentos delicados como a comunicação de óbito inesperado.” Já Cláudia concluiu: “É impactante ver como os residentes demonstram sede por se aprimorar nessa habilidade. O retorno deles nos mostra o quanto essa estação é necessária”.
Marcio Henrique Filho, residente do HC FMUSP, reforçou também o caráter de integração. “Acho que a experiência está sendo bem enriquecedora para um nível que se espera de um R1 de pneumologia. Foram muitas estações relevantes para o nosso conhecimento. Mas o que mais agrega é o contato com outros residentes de outras instituições, o que faz a gente ter um network, uma conversa e entender como funcionam os outros serviços”, enfatizou.
Um dos grandes entusiastas do projeto desde suas edições iniciais, o Dr. Rogério Rufino – o mais antigo instrutor do Acolhe no RJ – também compartilhou suas impressões sobre o Acolhe. “Poucas sociedades realizam esse modelo pelo enorme trabalho e investimento pessoal e financeiro. Mas, os frutos ainda virão! A SOPTERJ, acompanhando o Instagram da SBPT, manifestou o desejo de realizar um modelo parecido. É um reconhecimento importante do empreendedorismo e da qualidade das ações da SBPT”, declarou. O médico ainda deixou agradecimentos nominais à equipe organizadora e à gestão da sociedade, reforçando a relevância institucional da oficina.
Os tutores Bianca Lucena e Marcos Bethlem emocionaram-se ao compartilhar sua vivência. “Experiência maravilhosa, troca incrível com os alunos. Uma coisa que nos tocou foi ensinar para eles coisas que nós gostaríamos de ter aprendido no R1. Ver na cara deles aquele ‘Meu Deus!’ foi emocionante. Eles estão aprendendo conceitos que muitos de nós só vimos no fim da residência. É um pontapé muito forte. A teoria você aprende no CNAP, mas aqui você bota a mão na massa com os maiores especialistas”, comentaram.
Para o tutor Renato Prado Abelha, o impacto é ainda mais amplo. “Já é o segundo ano que participo, e como da primeira vez, continuo considerando uma iniciativa sensacional pois permite que residentes de todo o Brasil vivenciem diferentes realidades e interajam com os principais temas da pneumologia. Isso fortalece a sociedade e aproxima os residentes de sua atuação profissional. Tem que continuar e crescer”, declarou.
As médicas Flávia Fonseca e Juliana Ferreira, diretoras da SBPT e coordenadoras do Acolhe desde a primeira edição, relembraram trajetória: “É um sonho realizado. O primeiro sopro do projeto veio com a Dra. Irma de Godoy, então diretora de ensino, em 2018. No ano seguinte, a organização para a nossa oficina começou a tomar forma, após o bootcamp da ATS. A pandemia adiou o plano, mas nunca deixamos de buscar implementar o projeto. Em 2022 oferecemos a primeira edição, e de lá pra cá só crescemos. Saímos de 40 para 60 vagas, adaptamos oficinas e pretendemos ampliar ainda mais. É uma realização ver os tutores doando tempo e conhecimento e os residentes engajados, isso nos mostra que estamos no caminho certo. O Acolhe é uma experiência de aprendizagem e colaboração genuína”, relataram.
As impressões positivas também vieram de outros participantes e tutores. O Dr. Rafael Nascimento descreveu o evento como uma iniciativa necessária e inspiradora. “Fiquei muito feliz em ver algo tão dinâmico, multidisciplinar e acolhedor. Fazendo jus ao nome do projeto. Que vocês sirvam de exemplo”.
Para muitos, o Acolhe foi uma oportunidade de fortalecer valores essenciais à prática médica: cooperação, empatia, protagonismo e pertencimento. O evento também se consolida como uma resposta concreta à diversidade da formação médica no Brasil.
Diante de diferentes realidades educacionais, o SBPT Acolhe oferece uma oportunidade única de nivelamento, garantindo que todos os residentes iniciem sua trajetória com segurança, autonomia e clareza sobre os desafios da prática pneumológica. Como destacou um dos residentes: “Chegamos aqui com muitas dúvidas e inseguranças. Mas saímos com uma direção. E, principalmente, com a certeza de que não estamos sozinhos”. O futuro da pneumologia começa com o acolhimento. E começa aqui!
Para acessar fotos do evento clique aqui e para baixar o seu certificado de participação acesse a Central de Certificados da SBPT.
Para quem não participou ou já está com saudade desse clima de troca e aprendizado, já deixamos o convite para o próximo grande encontro da pneumologia brasileira deste ano: o XIV Congresso Brasileiro de Asma, XI Congressos Brasileiros de DPOC e Tabagismo e o VIII Congresso de Pneumologia da Bahia, que acontecem de 20 a 23 de agosto de 2025, no Centro de Convenções de Salvador/BA. Uma nova oportunidade de se atualizar, reencontrar colegas e fortalecer ainda mais os laços da nossa comunidade científica.
Para mais informações, acesse: https://sbpt.org.br/sbpt2025/.