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Instituto Clemente Ferreira alerta para a falta de médicos habilitados para diagnosticar e tratar a tuberculose na rede pública de saúde

No dia 04/05/2023, o Instituto Clemente Ferreira (ICF) declarou que a redução de recursos e do número de médicos pneumologistas e infectologistas prejudicou o controle da tuberculose no estado de São Paulo.

O ICF, relevante Centro de Referência Terciária para Tuberculose e outras Micobacterioses no Estado de São Paulo, publicou um manifesto assinado por seis médicos da instituição, no qual solicita o apoio dos gestores públicos estaduais para não comprometer o atendimento especializado à população. 

Leia e compartilhe o texto completo abaixo: 

“A tuberculose (TB) é um importante problema de Saúde Pública.  Dados da OMS estimam em 10,6 milhões de pessoas afetadas em 2021 e 1,6 milhões de mortes vítimas da doença. Em portadores do vírus HIV ocorreram 187 mil óbitos associados à tuberculose. Até 2019, a doença era a primeira causa de óbito por um único agente infeccioso, tendo sido, desde 2020, ultrapassada pela covid-19. No Brasil, em 2021, foram notificados 68.271 mil casos de tuberculose, correspondendo a 32 casos por 100 mil habitantes.

A resistência aos medicamentos para o tratamento da tuberculose tornou-se uma situação de grande preocupação a nível global. No contexto nacional, São Paulo é responsável por 13% das notificações de tuberculose multidroga resistente. Dessa forma, é fundamental que medidas eficazes sejam reforçadas para combater essa ameaça grave à saúde pública e proteger a população contra a tuberculose e suas formas resistentes.

O Ministério da Saúde publicou, em 2021, o documento norteador para a segunda fase do Plano Nacional pelo fim da TB, com recomendações para o período de 2021-2025. O Plano tem metas alinhadas a compromissos internacionais como a Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, e visa diminuir a incidência de TB para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e menos de 230 óbitos, até 2035. No dia 17 de abril de 2023, o governo brasileiro instituiu através do Decreto n ° 11.494 o Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente, em consonância com a agenda da Organização Mundial de Saúde.

Fundado em 1913, o Instituto Clemente Ferreira (ICF) é pioneiro no combate à tuberculose. É reconhecido como relevante Centro de Referência Terciária para Tuberculose e outras Micobacterioses no Estado de São Paulo. A instituição atua como ambulatório de nível terciário, recebendo mais de 80% dos casos referenciados de Tuberculose Resistente no município de São Paulo e Região Metropolitana. O ICF tem ainda sob seus cuidados pacientes portadores doenças pulmonares crônicas de interesse sanitário com indicação de seguimento especializado. É um importante centro de ensino e pesquisa no contexto da Saúde Pública.

Nos últimos anos, com a ausência de efetivas políticas públicas, o ICF tem sido submetido a sucessivas crises, culminando na atual situação crítica. A equipe médica era composta por pneumologistas e infectologistas com experiência em tuberculose resistente, garantindo um atendimento de qualidade para pacientes que necessitam de cuidados especializados. No entanto, estamos enfrentando uma crise sem precedentes devido à redução no número de médicos, o que tem causado uma limitação no escopo de atuação e queda progressiva dos atendimentos nos últimos anos. O acesso a recursos para diagnósticos complexos, internação clínica, procedimentos cirúrgicos, fomento à pesquisa e outros meios de suporte necessários para manutenção da excelência das atividades também se mostram limitados. Essa situação tem impossibilitado o adequado tratamento de pacientes que exigem atenção especializada.

Sendo assim, torna-se importante e extremamente urgente uma ação por parte da gestão publica estadual, no sentido de suprir a atual carência de profissionais médicos capacitados, de forma que a Instituição possa manter o seu papel de protagonismo e excelência no atendimento em área especifica da saúde publica. Sem essa ação, há risco em curto prazo, de comprometimento do atendimento à população da cidade de São Paulo e Região Metropolitana.

Pedimos, por meio deste comunicado, apoio da população e das organizações civis e entidades científicas ao Instituto Clemente Ferreira. São 110 anos de luta por uma saúde pública de qualidade, porém estamos enfrentando uma ameaça insustentável devido à falta de equipe médica assistencial e à precarização da rede de apoio.

O documento foi elaborado pelos seguintes profissionais:

-Dra. Denise do Socorro da Silva Rodrigues – CRM  92.018

-Dra. Daniela Gagliardi Nesi Miranda – CRM 83.728

-Dra. Jéquelie Cassia Gomes Duarte – CRM 159.064

-Dra. Hildete Duarte – CRM 54.556

-Dra. Irmi Sgarbi Ogata – CRM 50.477

-Dr. Willy Schell – CRM 69.729″.