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Alerta aos médicos que prestam atendimento a pacientes com quadros respiratórios em vigência da pandemia da COVID-19

Nos últimos dias, nós médicos que cuidamos de pacientes com doenças respiratórias temos nos deparado com inúmeros desafios e situações inéditas.

Apesar de toda angústia, estresse e cansaço vividos pelos profissionais da saúde que atendem doentes com COVID-19, precisamos manter o foco na qualidade da assistência prestada a pacientes acometidos por todo tipo de moléstias respiratórias, não apenas aos infectados pelo novo vírus.

Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia gostaria de relembrar aos seus associados alguns pontos que considera de grande relevância, os quais estão listados a seguir:

  1. De fato, pacientes com pneumopatias crônicas exibem maior risco de apresentar formas graves de COVID-19. Contudo, isso não implica na necessidade de alterações nas medicações de uso contínuo, incluindo broncodilatadores e corticosteroides inalados. No que diz respeito ao uso de agentes imunossupressores e corticosteroides sistêmicos, o bom senso igualmente indica a manutenção dos tratamentos na menor dose possível, ainda que tais pacientes devam redobrar os cuidados de higiene e isolamento social.
  2. É importante que os pneumopatas não se exponham a riscos de contaminação desnecessários. A liberação da teleconsulta pelo CFM facilitará contatos telefônicos ou por meio de aplicativos e, havendo estabilidade dos quadros clínicos dos pacientes, o adiamento de consultas médicas de rotina. Igualmente, as medidas da ANVISA e Secretarias da Saúde aumentando a validade de receitas de medicações controladas e de alto custo, vão reduzir a necessidade dos pacientes precisarem ir a consultórios e ambulatórios médicos apenas para renovação de receitas.
  3. Não podemos esquecer que a COVID-19 é apenas um novo personagem no cenário das doenças respiratórias. Antigos conhecidos nossos como a tuberculose, o H1N1, as pneumonias adquiridas na comunidade, e as neoplasias pulmonares não saíram de cena. Na verdade, tudo leva a crer que no segundo semestre deste ano a COVID-19 estará controlada, mas os demais males respiratórios continuarão na sua toada tradicional. Portanto, é fundamental não nos esquecermos da existência de outros diagnósticos diferenciais respiratórios igualmente importantes em tempos de COVID-19. Ao mesmo tempo, não podemos deixar de fornecer cuidados programados para indivíduos acometidos com moléstias igualmente graves tais como micobacteriores e neoplasias, bem como quadros de exacerbações agudas de asma, DPOC e doenças fibrosantes pulmonares. 

Se uma máxima diz  que “nem tudo que sibila é asma”, agora cabe acrescentarmos: “nem toda tosse com dispneia é COVID-19”.

 

Diretoria da SBPT, Biênio 2019-2020.