O primeiro encontro ibero-americano “Controvérsias na DPOC” foi realizado de 13 a 15 de fevereiro de 2020 em Oaxaca, México.
O evento, organizado pela Sociedad Mexicana de Neumología y Cirugía de Tórax (SMNyCT), abordou desde o diagnóstico até o tratamento da DPOC. A SBPT foi representada pelo coordenador da Comissão Científica de DPOC, Dr. Paulo José Zimermann Teixeira.
Especialistas das Sociedades de Pneumologia da América Latina e Espanha se uniram para debater sobre DPOC
Segundo o Dr. Paulo Teixeira, um dos grandes pontos da controvérsia é que o conceito de exacerbação pode ser definido por piora dos sintomas ou por eventos que acarretem mudanças no tratamento do paciente, considerando sempre que o paciente com exacerbações frequentes tem quase cinco vezes mais risco de morte do que o não exacerbador.
“Quando há piora dos sintomas pode se relacionar com infecção brônquica. Porém, é importante considerar outras situações que podem agravar o quadro e que se devem à doença não pulmonar, como a insuficiência cardíaca, por exemplo”, destaca o pneumologista. “Nesta situação, a maneira de conceituar o que é exacerbação passa a ser questionada”, completa.
O especialista teve a oportunidade de discutir quais aspectos são importantes para evitar as reinternações no paciente com DPOC exacerbada.
“Estratégias como reavaliar o paciente nas primeiras quatro semanas após a alta hospitalar, liberar o paciente com terapia tríplice, revisar o uso dos inaladores, montar um plano educativo para o paciente e encaminhar para a reabilitação pulmonar foram estratégias que se mostraram efetivas nesta redução das reinternações, reduzindo os custos em saúde”, explica o pneumologista.
O coordenador da Comissão Científica de DPOC da SBPT, Dr. Paulo Zimermann Teixeira, representou a Sociedade no Master Class Iberoamericano “Controvérsias em DPOC”
De acordo com o Dr. Paulo Teixeira, outro ponto controverso foi se o médico deve começar com a monoterapia ou terapia dupla para pacientes com DPOC.
“Será que se iniciaria com máxima broncodilatação ou se esperaria a piora dos sintomas para se acrescentar um segundo broncodilatador? Será que existe mesmo o que se chama de síndrome asma-DPOC, cuja a sigla em inglês é ACOS ou, como sugere um dos participantes da Espanha, é (A) Another (C) Confusing (O) Obstructive (S) Syndrome?”, questiona.
Os pneumologistas alertaram, ainda, para o uso de cigarros eletrônicos e para a detectação de doenças pulmonares relacionadas ao uso de dispositivos de vaporização na América Latina e Caribe.
Mesas de discussão entre especialistas em DPOC no encontro da SMNyCT em Oaxaca, no México.
Além disso, a prevenção também esteve em pauta. O Dr. Miguel Divo, venezuelano que trabalha em Boston com o Dr. Bartolomé Cielli, apresentou a associação entre DPOC e envelhecimento. Foram ressaltadas as maneiras de reduzir risco de câncer e outras doenças: não fumar, fazer exercícios, manter uma dieta saudável e IMC adequado.
Cerca de 120 especialistas mexicanos e mais de 20 professores de toda a América Latina e Espanha participaram e contribuíram para o debate sobre DPOC em Oaxaca.