No dia 4/2, as instituições de saúde de todo o mundo compartilham dados sobre o câncer, com o objetivo de incentivar a prevenção, atenção e cuidados com a doença.
Entre os tipos de câncer, a neoplasia de pulmão representa 13% dos diagnósticos. No Brasil, é o segundo mais comum entre homens e mulheres¹. Cerca de 85% dos casos são denominados câncer de pulmão de não pequenas células (NSCLC, na sigla em inglês).
Um dos principais desafios é que, no início, a doença geralmente não manifesta sintomas. Por isso, cerca de 70% dos pacientes são diagnosticados já em estádio avançado ou metastático².
Outro desafio para os profissionais da saúde é conscientizar as pessoas de que a melhor forma de prevenção do câncer de pulmão é não fumar. Mais de 80% dos casos estão relacionados com o tabagismo.
Além da exposição a todas as formas de consumo do tabaco, são fatores de risco do câncer de pulmão o fumo passivo, a poluição do ar, exposição à radiação, ao radônio, a asbesto (amianto), sílica, carvão, diesel, fuligem, metais pesados, etc. Em resumo, o risco ocupacional da inalação de fumaça e/ou substâncias tóxicas em indústrias, mineração, construção civil, carvoaria, pintura, limpeza, solda, entre outros, é um fato social relevante do câncer de pulmão.

O tratamento do câncer de pulmão envolve uma equipe multidisciplinar: pneumologistas, oncologistas, radiologistas, radioterapeutas, cirurgiões torácicos, patologistas, fisioterapeutas, profissionais de cuidados paliativos, entre outros.
Em caso de suspeita de câncer ou de pacientes elegíveis para o rastreamento, o profissional da atenção básica de saúde deve direcionar o paciente para o especialista. O rastreamento por tomografia de baixa dose (TCBD) é indicado para fumantes ou ex-fumantes que tenham entre 50 e 80 anos, com consumo de tabaco (atual ou cessado há até 15 anos) de, pelo menos, 20 anos-maços4.
Em caso de diagnóstico positivo e eliminadas as possibilidades de falsos positivos, o médico vai decidir a melhor opção de tratamento junto com o paciente, levando em consideração fatores como a idade, comorbidades e história clínica.
Em geral, a cirurgia torácica (lobectomia, segmentectomia ou pneumonectomia) é a melhor opção para tratar o câncer de pulmão de não pequenas células em estádio precoce, associada ou não de quimioterapia e/ou radioterapia. Os testes moleculares para casos de câncer de pulmão identificam mutações genéticas e permitem o acesso a terapias específicas. Entretanto, o acesso ainda é restrito no Brasil.
Foi comprovado que o rastreamento por TCBD é uma medida custo-efetiva e que pode reduzir em pelo menos 20% a mortalidade por câncer de pulmão. No entanto, a tomografia não previne câncer, só reduz a letalidade. O que previne é se abster dos fatores de risco, principalmente do tabagismo5.
- Revisão e informações: Dr. Fernando Didier, Comissão de Câncer de Pulmão da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Referências
¹Instituto Nacional do Câncer, 2021. Câncer de Pulmão. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao.
²Araujo LH, a, Baldotto C, b , Castro Jr G, c , et al. Lung cancer in Brazil. J Bras Pneumol. 2018;44(1):55-64.
3Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Vigitel Brasil 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2017_vigilancia_fatores_riscos.pdf.
4National Lung Screening Trial Research Team, Aberle DR, Adams AM, Berg CD, Black WC, Clapp JD, Fagerstrom RM, Gareen IF, Gatsonis C, Marcus PM, Sicks JD. Reduced lung-cancer mortality with low-dose computed tomographic screening. N Engl J Med 2011;365:395-409.
5Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2021. Rastreamento do câncer de pulmão. Disponível em: https://youtu.be/0BHjaG5pdas.