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Dia Mundial de Combate à Tuberculose 2022: queda nos investimentos em TB aumentaram as mortes pela doença

Durante a pandemia, houve menor demanda para o cuidado de outras doenças, entre elas, a tuberculose. De acordo com a OMS, o número de mortes pela doença se intensificou no mundo, após uma década de estabilidade¹.

A tuberculose costumava ser a doença infectocontagiosa responsável pelo maior número de mortes/dia em todo o mundo. Desde abril de 2020, a COVID-19 se tornou a doença com a maior mortalidade mundialmente.

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Por causa da pandemia, estima-se que os fundos destinados ao combate à TB tenham sofrido um decréscimo de cerca de US$ 9 bilhões, o que afetou o compromisso de líderes globais com o enfrentamento da doença e com o fim da tuberculose até 2030², como propõe a OMS.

No Brasil, a tuberculose é um dos principais problemas de saúde pública. O país ocupa a 20ª posição entre os locais com maior carga de TB³. Em 2021, foram registradas 85.219 mortes pela doença (DataSUS).

Por isso, é fundamental lutar por mais investimentos em pesquisas, prevenção, triagem e acesso ao diagnóstico e tratamento da TB.

Imagem: OPAS/OMS.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é um dos pilares do combate à tuberculose. Os recursos para diagnosticá-la incluem história clínica e epidemiológica, baciloscopia, cultura de escarro (padrão ouro), teste molecular rápido, radiografia de tórax, TC de tórax ou outros métodos, se necessário4.

Na forma pulmonar, o diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com infecções fúngicas, neoplasias, infecções bacterianas, outras micobacterioses.5

“4 milhões de pessoas com TB não foram diagnosticadas e tratadas pelos sistemas de saúde. Invista para acabar com a TB. Salve vidas”. Imagem: Stop TB Partnership.

COVID-19 e tuberculose

Na investigação da COVID-19, é importante ficar atento à associação com tuberculose. Um estudo mostrou que o risco de óbito de pacientes com coinfecção foi 2,17 vezes maior do que o dos pacientes que tinham somente COVID-19.6

A COVID-19 também pode ter um impacto negativo na infecção latente pela tuberculose (ILTB). A desregulação imunológica causada pela COVID-19 pode afetar o diagnóstico e o manejo da ITBL.

No tratamento das sequelas da COVID-19, é necessário se atentar a uma possível reativação da tuberculose. Uma das consequências do pós-COVID-19, por exemplo, é a fibrose pulmonar, que pode reduzir a penetração dos fármacos utilizados no tratamento da tuberculose nos pulmões, contribuindo, assim, para piores desfechos, como a resistência medicamentosa.

A implementação de testes moleculares automatizados, como o ensaio Xpert Xpress SARS-CoV-2 (Cepheid, Sunnyvale, CA, EUA), pode ser uma alternativa para os laboratórios no Brasil. O ensaio Xpert MTB/RIF Ultra (Cepheid) já foi incorporado para o diagnóstico da tuberculose e ambos os testes, tanto para TB como para a COVID-19, utilizam o mesmo equipamento, facilitando o diagnóstico das duas doenças.

“TB & COVID-19 são as duas doenças infecciosas que mais causam mortes em todo o mundo. Você vê a diferença? (nos investimentos). Invista para acabar com a TB. Salve vidas”. Imagem: Stop TB Partnership.

Tratamento

O esquema básico para o tratamento da tuberculose pulmonar em adultos e adolescentes maiores de dez anos de idade inclui Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamina e Etambutol. Os medicamentos são ingeridos diariamente e de uma única vez e o tratamento tem a duração de, no mínimo, seis meses.

Há especificidades na terapia no caso de gestantes, portadores de hepatopatias, nefropatias ou de infecção por HIV. Todas as recomendações para o manejo da tuberculose são disponibilizadas no site do Ministério da Saúde.

O tratamento é realizado pelo SUS, em ambulatório, e a internação é indicada em casos específicos, como situações de maior gravidade ou risco social. É importante ressaltar que todos os medicamentos, inclusive para as formas resistentes, estão disponíveis em todo o Brasil pelo SUS.

  • Informações: Comissão Científica de Tuberculose da SBPT.

Referências

¹Organização Pan-Americana da Saúde. Dia Mundial da Tuberculose 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/campanhas/dia-mundial-da-tuberculose-2022. Acesso em 21 mar 2022.

²STOP TB Partnership. World TB Day 2022: Invest To End TB, Save Lives. Disponível em: https://www.stoptb.org/world-tb-day/world-tb-day-2022. Acesso em 21 mar 2022.

³Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Encontros Virtuais SBPT: Imunobiológicos e Tuberculose. 12 mar 2021. Disponível em: https://youtu.be/D3ToIIAYan0. Acesso em 21 mar 2022.

4Silva DR, Rabahi MF, Sant’Anna CC, Silva-Junior JLR, Capone D, Bombarda S, et al. Diagnosis of tuberculosis: a consensus statement from the Brazilian Thoracic Association. J Bras Pneumol. 2021;47(2):e20210054

5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 364 p.

6Silva DR, Mello FCQ, D’Ambrosio L, Centis R, Dalcolmo MP, Migliori GB. Tuberculosis and COVID-19, the new cursed duet: what differs between Brazil and Europe? J Bras Pneumol. 2021;47(2):e20210044