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Injúria pulmonar relacionada ao uso de cigarro eletrônico (EVALI)

Foram confirmados três casos de E-cigarette, or Vaping, product use–Associated Lung Injury (EVALI) no Brasil nas últimas semanas. Os pacientes usaram cigarro eletrônico com tetrahidrocanabinol (THC) em dispositivos adquiridos nos EUA.

Frente a este fato relevante, a SBPT sugere aos pneumologistas e clínicos em geral que utilizem os critérios diagnósticos e classificatórios divulgados pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC)¹ descritos nesta comunicação.

Os sintomas respiratórios da EVALI costumam incluir tosse, dor torácica e dispneia. Também são comuns sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia e sintomas inespecíficos, como febre, calafrios e perda de peso.

As alterações nos exames de imagem também são inespecíficas, com predomínio das consolidações e/ou vidro fosco em ambos os pulmões. O aumento dos leucócitos, do PCR e das enzimas hepáticas também é frequente.

O tratamento consiste na suspensão do uso do cigarro eletrônico, medidas de suporte clínico, incluindo oxigênio e, quando necessário, ventilação não invasiva ou invasiva.

O uso dos antivirais e/ou antimicrobiano é reservado para os pacientes com suspeita de infecção concomitante.

A EVALI é facilmente confundida com a doença respiratória causada pelo vírus influenza e, nessa situação, o paciente deve receber antiviral precocemente e colher exames para confirmação desse diagnóstico.

Os pacientes dispneicos ou com saturação de oxigênio inferior a 95%, com comorbidades ou outros fatores, a critério do médico assistente, devem ser internados. Os pacientes ambulatoriais devem ser reavaliados dentro de 24 a 48h.

O corticoide sistêmico pode ser útil em pacientes hospitalizados. No entanto, seu papel ainda não foi avaliado nos pacientes ambulatoriais.

Critérios de classificação para casos de EVALI¹

CONFIRMADO PROVÁVEL
Uso de e-cig nos últimos 90 dias. Uso de e-cig nos últimos 90 dias.
Consolidações na radiografia ou vidro fosco na tomografia de tórax. Consolidações na radiografia ou vidro fosco na tomografia de tórax.
Ausência de diagnósticos alternativos, como:

  • Doenças cardiológicas, reumatológicas, neoplásicas, etc.
  • Doenças infecciosas – fazer no mínimo painel viral negativo e PCR influenza (se indicado). Outros testes (antígenos, culturas, HIV), quando indicados, devem ser negativos.
Ausência de diagnósticos alternativos não infecciosos.
  Identificação de infecção através de cultura ou PCR, mas os médicos assistentes não acreditam que esta seja única causa da doença respiratória.

A comercialização, importação e propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada da Anvisa: RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009.

A SBPT solicita que casos suspeitos e confirmados sejam enviados para o e-mail: sbpt@sbpt.org.br para posterior encaminhamento e registro em agências nacionais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pede aos médicos que preencham um formulário de notificação de casos. Clique aqui para acessar o formulário.

José Miguel Chatkin
Presidente da SBPT.
Luiz Fernando Pereira
Coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT.


Referências

¹Jatlaoui TC, Wiltz JL, Kabbani S, et al. Update: Interim Guidance for Health Care Providers for Managing Patients with Suspected E-cigarette, or Vaping, Product Use–Associated Lung Injury — United States, November 2019. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2019;68:1081-1086. DOI: http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.mm6846e2.

²Centers For Disease Control and Prevention. 2019 Lung Injury Surveillance Primary Case Definitions. September, 18. https://www.cdc.gov/tobacco/basic_information/e-cigarettes/assets/2019-Lung-Injury-Surveillance-Case-Definition-508.pdf.

³Layden J, Guinai I, Pray I et al. Pulmonary illness related to e-cigarette use in Illinois and Wisconsin – Preliminary report. New Engl J Med. DOI: 10.1056/NEJMoa1911614.

Dia Mundial da Pneumonia: como prevenir as mortes pela doença?

Em 12 de novembro, as Sociedades Respiratórias de todo o mundo se unem para a campanha do Dia Mundial da Pneumonia, divulgando informações sobre prevenção.

O Fórum Internacional de Sociedades Respiratórias (FIRS) alertou sobre a importância de garantir acesso igualitário à prevenção e controle da pneumonia em todos os países.

A pneumonia é a infecção que mais mata no mundo. A cada minuto, duas crianças morrem por causa da doença, o que representa 16% das mortes infantis em todo o mundo e 80% dos óbitos abaixo dos dois anos de idade. É causa comum de mortes entre os idosos também.

Na maioria dos casos, é possível prevenir a pneumonia

Uma boa nutrição, incluindo a lactação materna exclusiva entre os primeiros quatro a seis meses de vida, protegem contra a pneumonia. Atualmente, apenas 40% das crianças recebem o leite materno no primeiro semestre de vida.

A imunização integral contra pneumococo, sarampo, influenza, difteria e coqueluche deve ser disponibilizada para todas as crianças.

Evitar a exposição à fumaça de tabaco e reduzir o contato com contaminações pelo ar reduzem o risco de pneumonia em crianças.

A prevenção da transmissão materno-infantil de HIV, o uso antecipado da terapia antirretroviral nas crianças infectadas pelo vírus e a profilaxia com cotrimoxazol para crianças infectadas e expostas ao HIV também pode reduzir a incidência de pneumonia infantil.

Pneumonia é tratável

Para tratar a pneumonia, é necessário prover acesso aos antibióticos, às internações e à suplementação de oxigênio, quando necessário.

Cerca de 170 milhões de crianças de países de baixa e média renda não são vacinadas contra a pneumonia. Mundialmente, apenas 35% recebem as três doses da vacina antipneumocócica.

Somente dois terços das crianças aderem ao tratamento.

Para pôr fim ao alto índice de pneumonia e mortes infantis pela doença, é necessário:

– Criar consciência sobre a pneumonia, principal causa de morte entre as crianças pequenas.

– Fortalecer, acelerar e manter as intervenções para prevenir e tratar a doença.

– Prover acesso aos programas de prevenção e controle e desenvolver estratégias específicas para melhorar o acesso das populações mais carentes a esses programas.

– Realizar pesquisas para fomentar estratégias inovadoras de redução do problema.


Fontes: Forum of International Respiratory Societies e Asociación Latinoamericana de Tórax.

JBP publica artigo sobre doença intersticial pulmonar familiar

Há sugestões que até 20% das PIF possam ser de cunho familiar. A edição do Jornal Brasileiro de Pneumologia volume 45, n. 5, traz o artigo “Fibrose pulmonar familiar: um espectro heterogêneo de apresentações“.

Na pesquisa de Hortense et al¹, recém publicada no JBP, foram descritas as características clínicas de 35 casos índice de FPF, avaliados entre 2014 e 2017 no Brasil.

Fibrose Pulmonar Familiar

A fibrose pulmonar familiar (FPF) é definida como a ocorrência de pelo menos dois casos de algum tipo de pneumonia intersticial fibrosante (PIF) em membros de uma mesma família biológica.

A mediana da idade do diagnóstico foi elevada (66 anos) e não houve predomínio de sexo. História de tabagismo e exposição ambiental, em especial a aves, foi muito comum (45% e 80% dos casos).

Achados

Os padrões tomográficos encontrados foram bastante heterogêneos, incluindo pneumonia intersticial não específica (26%) e pneumonia de hipersensibilidade crônica (2%). O padrão tomográfico de pneumonia intersticial usual só foi detectado em 17% dos casos. Somente 4% dos pacientes mostraram evidências sugestivas de telomeropatias.

De seis pacientes em que foram realizadas biópsias pulmonares, a pneumonite de hipersensibilidade crônica foi diagnosticada em quatro.

Conclusões

De acordo com o Dr. José Antônio Baddini-Martinez, um dos autores do estudo, “é importante investigar antecedentes familiares nos pacientes com suspeita de doença intersticial pulmonar”.

“Além disso, familiares de pacientes com FPF devem ter cuidado especial de não se expor a agentes possivelmente nocivos à respiração, em especial tabagismo e criação de aves”, explica.

“Finalmente, os pneumologistas devem estar cientes que FPF pode englobar uma heterogeneidade de apresentações radiológicas e histológicas. Infelizmente, as dúvidas relacionadas com a melhor condução clínica nesses casos ainda são substanciais”.


¹Hortense AB, Santos MKD, Wada D, Fabro AT, Lima M, Rodrigues S, Calado RT, Baddini-Martinez J. Familial pulmonary fibrosis: a heterogeneous spectrum of presentations. J Bras Pneumol. 2019 Jun 10;45(5):e20180079. doi: 10.1590/1806-3713/e20180079.

Vacina antipneumocócica é incorporada no Programa Nacional de Imunizações

A vacina antipneumocócica conjugada 13-valente Prevenar 13® será oferecida na rede pública de saúde para pacientes de alto risco. A coordenadora da Comissão Científica de Infecções da SBPT, Dra. Rosemeri Maurici, esclarece dúvidas sobre o assunto.

  • A incorporação da CONITEC da vacina antipneumocócica contempla os pacientes portadores de pneumopatias graves (DPOC, asma grave, bronquiectasias, etc.)?

“Não. Houve a recomendação de inclusão (incorporação) da vacina pneumocócica conjugada 13-valente no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para um perfil específico de pacientes considerados de risco gravíssimo para o desenvolvimento de doença pneumocócica.

A vacina estará disponível no Sistema Único de Saúde para pacientes acima de 5 anos de idade que apresentem alguma das seguintes condições clínicas: pacientes oncológicos, pacientes vivendo com HIV/AIDS, indivíduos submetidos a transplante de medula óssea e indivíduos submetidos a transplantes de órgãos sólidos”.

  • Como se dá o procedimento da imunização? Há evidências científicas de uso da vacina anti-pneumocócica 13-valente dose única seguida de vacina pneumocócica 23-valente dose única após seis meses?

“O esquema sequencial PCV13 e VPP23 é recomendado. Deve-se iniciar com uma dose da PCV13, seguida de uma dose de VPP23 após entre seis e doze meses, além de uma segunda dose de VPP23, cinco anos após a primeira. No caso de pessoas que já receberam uma dose de VPP23, recomenda-se o intervalo de 1 ano para a aplicação de PCV13. A segunda dose de VPP23 deve ser feita 5 anos após a primeira, mantendo-se um intervalo de 6-12 meses da PCV13”.

  • A vacina tem contraindicações?

“A Prevenar 13® é contraindicada para pacientes hipersensíveis aos componentes da vacina, incluindo o toxoide diftérico. Cada 0,5 mL de dose intramuscular é formulada para conter 2,2 μg de sacarídeo por sorotipo 1, 3, 4, 5, 6A, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F e 23F; 4,4 μg de sacarídeo para o sorotipo 6B; aproximadamente 32 μg de proteína CRM197 e 0,125 mg de fosfato de alumínio como adjuvante. Os excipientes são cloreto de sódio, ácido succínico, polissorbato 80 e água para injeção.

“A Prevenar 13® não contém ovo. As vacinas que contém ovo são as da Influenza (gripe) e Febre Amarela. Sarampo, caxumba, rubéola (Tríplice Viral) ou a conjugada com a Varicela (tetraviral) são cultivada em fibroblastos de frango e podem conter resíduos”.

  • Quais são os efeitos adversos mais comuns?

“Em adultos, mais de 10% apresentam diminuição do apetite, dor de cabeça, diarreia, erupção cutânea, dor nas articulações, dor muscular, calafrios, cansaço e reações locais (endurecimento, inchaço, dor, limitação do movimento do braço). Em 1% a 10% ocorrem vômitos e febre. Entre 0,1% e 1% dos vacinados relatam náusea, alergia grave ou gânglios no braço vacinado”.


Informações: Profª. Dra. Rosemeri Maurici.
Coordenadora da Comissão de Infecções Respiratórias e Micoses da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Gerente de Ensino e Pesquisa HU – UFSC – EBSERH.
Professora do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (UFSC).
Médica Pneumologista do Hospital Universitário da UFSC.

CONITEC abre consulta pública para incorporação da vacina pneumocócica conjugada 13-valente no SUS

A CONITEC abriu consulta pública sobre a incorporação da vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC-13) – Prevenar 13® no âmbito do SUS para prevenção da doença pneumocócica em pacientes acima de cinco anos de idade.

Acesse a Consulta Pública de nº 69 no site da CONITEC para opinar sobre a incorporação.

A VPC-13, aprovada pela ANVISA, é indicada para a prevenção de doença invasiva, pneumonia e otite média causadas pelo Streptococcus pneumoniae de treze sorotipos em lactentes, crianças e adolescentes de até 17 anos e 11 meses de idade. Também é indicada para a prevenção de doença pneumocócica (incluindo pneumonia e doença invasiva) causada pelo Streptococcus pneumoniae em adultos com 18 anos ou mais .

O uso da vacina VPC-13 no esquema sequencial com a VPP-23 foi considerado importante pelos especialistas, principalmente para o público de risco, que convive com HIV/Aids, pacientes oncológicos e indivíduos submetidos a transplante de medula óssea.

Por esse motivo, é recomendado o voto a favor da incorporação.

12 de novembro: Dia Mundial da Pneumonia

O Dia Mundial da Pneumonia (12/11) foi proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção da doença, que segue sendo a principal causa de morte em crianças de até 5 anos de idade.

A pneumonia é uma infecção nos pulmões provocada por bactérias, vírus ou fungos. O Streptococcus pneumoniae é o agente causador em 60% dos casos.

Embora a taxa de mortalidade da pneumonia esteja em queda (redução de 25,5% entre 1990 e 2015), a quantidade de internações e o alto custo do tratamento ainda são desafios para a saúde pública e a sociedade como um todo.

Entre janeiro e agosto deste ano, 417.924 pacientes foram hospitalizados por causa de pneumonia no Brasil, totalizando gastos totais de mais de R$ 378 milhões com serviços hospitalares. No mesmo período do ano passado, foram 430.077 internações, de acordo com informações do Datasus.

Se a pneumonia é diagnosticada e tratada de forma adequada, dificilmente acontece um agravamento do quadro. Por isso, para auxiliar na padronização e na qualidade do atendimento médico em cada caso, a SBPT recomenda ao profissional de saúde que leia a atualização das recomendações de manejo da pneumonia adquirida em comunidade.

Clique na imagem para ler o artigo.

As principais manifestações clínicas da pneumonia são tosse com produção de expectoração; dor torácica, que piora com os movimentos respiratórios; mal-estar geral e febre.

“Devemos ficar atentos para os sinais e sintomas e procurar auxílio médico precocemente, principalmente no caso de pacientes que apresentam maior risco de complicações e de morte, como crianças e idosos, além de portadores de outras doenças crônicas ou situações em que ocorre deficiência do sistema imunológico”, informa a pneumologista Dra. Rosemeire Maurici da Silva, membro da Comissão Científica de Infecções Respiratórias da SBPT. 

A radiografia de tórax auxilia no diagnóstico e também na avaliação da extensão da pneumonia. O tratamento é feito com antibióticos que devem sempre ser prescritos após avaliação médica detalhada.

Quadros de resfriado comum e gripe podem se agravar e contribuir para o desenvolvimento da pneumonia causada por bactérias. Por isso, tomar a vacina da gripe é extremamente importante para a prevenção.

Há ainda a vacina anti-pneumocócica, opção de prevenção para pneumonias causadas pela bactéria denominada pneumococo, que deve ser prescrita pelo médico. Em caso de contágio, a imunização diminui a intensidade dos sintomas, além de evitar as formas graves da doença e a mortalidade para esse tipo específico de pneumonia.

Algumas das populações prioritárias para a vacinação são: adultos com idade igual ou superior a 60 anos, portadores de doenças crônicas, indivíduos em situação de imunossupressão, gestantes, residentes em lares de idosos, profissionais da saúde, cuidadores de crianças, indígenas, população carcerária, tabagistas e portadores de asma.

SBPT divulga atualização das recomendações de manejo da pneumonia adquirida na comunidade (PAC)

Em artigo publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia¹, 13 membros da Comissão Científica de Infecções Respiratórias da SBPT propõem uma atualização dos tópicos das diretrizes de manejo da PAC publicadas em 2009².

O documento discute, dentre outros tópicos, os últimos avanços em imagem, o uso de testes moleculares e biomarcadores no manejo da doença e orientações sobre diagnóstico e tratamento.

Leia aqui: Recomendações para o manejo da pneumonia adquirida na comunidade 2018.

 

12/11 – Dia Mundial da Pneumonia

A pneumonia é uma infecção nos pulmões provocada por bactérias, vírus ou fungos. O Streptococcus pneumoniae é o agente causador em 60% dos casos. A pneumonia adquirida em comunidade (PAC) é aquela contraída no convívio social, fora do ambiente hospitalar, ou que se manifesta em até 48 horas após a internação.

A taxa de mortalidade da PAC está em queda, e vem reduzindo cerca de 25,5% entre 1990 e 2015. Porém, a quantidade de internações e o alto custo do tratamento ainda são desafios para a saúde pública e a sociedade como um todo.

Entre janeiro e agosto deste ano, 417.924 pacientes foram hospitalizados por causa de pneumonia no Brasil³, totalizando gastos totais de mais de R$ 378 milhões com serviços hospitalares. No mesmo período do ano passado, foram 430.077 internações.

Recomendações de manejo da PAC

Aplicação dos exames de imagem

A radiografia de tórax, aliada à anamnese e ao exame físico, é o exame mais indicado para confirmar a suspeita e avaliar a extensão das lesões causadas pela pneumonia. De acordo com o Dr. Ricardo Corrêa, pneumologista da Comissão de Infecções Respiratórias da SBPT, na assistência médica geral, menos de 40% dos médicos conseguem diagnosticar a doença apenas com o exame físico.

A ultrassonografia de tórax (UST) tem maior acurácia do que a radiografia, mas é, ainda, restrita a poucos hospitais na emergência. Dados internacionais mostram que, no contexto dos serviços de emergência médica, o exame apresenta uma sensibilidade de 95% contra 60% da radiografia de tórax.

Já a tomografia de tórax (TC) é a alternativa de escolha nos casos em que a radiografia de tórax tem menor acurácia, como em pacientes obesos, imunossuprimidos ou com alterações radiológicas prévias.

Diagnóstico laboratorial

Os testes de cultura de escarro, hemocultura e para detecção de antígenos urinários podem ser solicitados se houver suspeita de germes atípicos, em caso de PAC grave, para pacientes que não respondam ao tratamento inicial ou que estejam internados em UTI.

Os testes moleculares, como o PCR (reação em cadeia da polimerase), representam um grande avanço no diagnóstico das pneumonias virais, notadamente nos casos de PAC grave.

Gravidade

A classificação do risco do paciente com PAC é primordial para a escolha do antibiótico e a via de administração mais adequados e o local do tratamento.

O artigo revê os critérios mais utilizados para avaliar se a PAC tem risco baixo ou se há possibilidade de um desfecho mais grave, como a necessidade de admissão à UTI, o risco de falência terapêutica e a necessidade de suporte ventilatório e circulatório.

Os principais critérios de escalonamento são:

  • Pneumonia Severity Index (calculadora de PSI simplificada);
  • CURB-65 (Mental Confusion, Urea, Respiratory Rate, Blood Pressure and age ≥65 years);
  • CRB-65 (com todos os critérios do CURB-65, porém sem a dosagem de ureia);
  • Diretrizes da American Thoracic Society (ATS) e Infectious Diseases Society of America (IDSA) de 2007;
  • SCAP (Severe Community-Acquired Pneumonia) e
  • SMART-COP (Systolic blood pressure, Multilobar involvement, Albumin, Respiratory rate, Tachycardia, Confusion, Oxygenation and pH).

O texto reforça a indicação do uso de escores de boa acurácia e simplicidade de uso como o CRB-65.

Papel dos biomarcadores

A seleção de moléculas que espelham a intensidade da atividade inflamatória é uma forma útil de complementar o diagnóstico firmado em exame clínico, estimar o prognóstico da pneumonia e guiar a terapia inicial.

A proteína C reativa e a procalcitonina (com resposta eficiente às atividades bacterianas, mas não às virais) estão sendo bastante estudadas e são úteis para definir o tempo de tratamento com mais precisão.

Tratamento

A escolha da terapia ambulatorial da PAC é definida conforme: o patógeno mais provável no local de aquisição da doença; a presença de fatores de risco individuais; a presença de doenças associadas e de fatores epidemiológicos, como viagens recentes, alergias e relação custo-eficácia.

Os autores do artigo recomendam o uso de monoterapia com β-lactâmico ou macrolídeos para os pacientes ambulatoriais, sem comorbidades, nenhum uso recente de antibióticos, sem fatores de risco para resistência e sem contraindicação ou história de alergia a essas drogas.

A duração recomendada do tratamento, detalhada no Quadro 5 (J Bras Pneumol. 2018;44(5): p. 413), é de entre 5 e 7 dias de monoterapia, em casos de baixa gravidade, e de 7 a 10 dias para PACs mais graves, podendo ser estendida para até 14 dias.

Alguns antibióticos que antes eram restritos ao ambiente hospitalar passaram a fazer parte da terapia da PAC causada por bactérias mais resistentes presentes eventualmente em pacientes ambulatoriais.

O uso de corticoides pode ser importante em caso de PAC grave, entretanto, são necessários novos estudos que confirmem o impacto da terapia sobre a taxa de mortalidade.

Vacina anti-influenza e antipneumocócica

A imunização contra a gripe e contra a pneumonia pneumocócica é uma boa forma de prevenção, porque reduz a incidência de formas graves, a intensidade dos sintomas, a necessidade de hospitalização e a taxa de mortalidade da PAC.

Algumas das populações prioritárias para a vacinação são: adultos com idade igual ou superior a 60 anos, portadores de doenças crônicas, indivíduos em situação de imunossupressão, gestantes, residentes em lares de idosos, profissionais da saúde, cuidadores de crianças, indígenas, população carcerária, tabagistas e portadores de asma.

Confira o artigo completo e informe-se em detalhes sobre todos os tópicos atualizados.

 


¹Recomendações para o manejo da pneumonia adquirida na comunidade 2018. J Bras Pneumol. 2018;44(5): 405-423.

²Diretrizes brasileiras para pneumonia adquirida na comunidade em adultos imunocompetentes – 2009. J Bras Pneumol. 2009; 35(6).

³Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)

 

Créditos da imagem: pikisuperstar / Freepik.