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Mês de atenção à DPOC: uma das doenças pulmonares mais prevalentes em adultos

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada por enfisema pulmonar e bronquite crônica e está presente em cerca de 10,1% da população¹ e aproximadamente 15,8% dos adultos com mais de 40 anos de idade da cidade de São Paulo².

A doença é mais comum em pessoas com mais de 50 anos de idade e está associada, principalmente, à exposição ao fumo, poluição, poeira e produtos químicos.

“A prematuridade e a baixa função pulmonar no início da vida adulta também são fatores de risco para DPOC. Assim, temos que prevenir a doença evitando as exposições intraútero, na infância e adolescência”, orienta a pneumologista dra. Marli Knorst, coordenadora da Comissão Científica de DPOC da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Os sintomas mais comuns da DPOC são dispneia (falta de ar), tosse crônica e produção de muco (expectoração). Se tiver algum desses sintomas, é recomendado procurar um pneumologista e fazer o exame de espirometria para confirmar o diagnóstico, especialmente se for fumante ou ex-fumante. A doença é progressiva e pode ser incapacitante, levando à falta de ar e cansaço ao realizar atividades simples do dia a dia.

Com o objetivo de chamar a atenção para a complexidade da DPOC, alta prevalência e subdiagnóstico da doença, em novembro (17/11), a Global Initiative For Chronic Obstructive Pulmonary Disease (GOLD) realiza uma campanha para disseminar informações sobre a DPOC.

O tema de 2021, “Pulmões saudáveis: mais importante do que nunca”, chama a atenção para cuidar da saúde pulmonar, principalmente diante da COVID-19. Uma meta-análise mostrou que pacientes com DPOC tem um risco mais alto de ter COVID-19 grave que indivíduos sem DPOC e podem ter um desfecho mais desfavorável, associado a maior mortalidade (60%)³.

“Uma das medidas mais importantes é cessar a exposição que está causando a DPOC. Na maioria dos casos é o tabagismo. Se parar de fumar, o portador de DPOC vai viver mais tempo. Também é importante tomar as vacinas recomendadas para quem tem DPOC, como a vacina da Influenza (gripe), contra pneumococo (pneumonia), contra COVID-19 e, recentemente, está sendo recomendada a vacina contra coqueluche (DTP)”, explica a dra. Marli.

A doença não tem cura, mas pode ser controlada. O tratamento prescrito pelo médico geralmente prevê o uso de um dispositivo inalatório (spray, equipamento de névoa ou pó seco). É muito importante utilizar a técnica adequada para cada dispositivo para garantir um melhor aproveitamento da medicação.

Além de manter o tratamento com o broncodilatador prescrito, os pacientes com DPOC devem participar de programas de reabilitação com fisioterapia respiratória e praticar atividade física para melhorar a qualidade de vida.

“Se permanecer muito tempo sentado ou deitado, o portador de DPOC pode começar a sentir falta de ar com atividades cada vez menos intensas. É importante romper esse ciclo e tentar ficar o mais ativo possível”, recomenda a pneumologista.

DPOC – Prevenção de exacerbações. Fonte: II Congresso SBPT Virtual – Asma, DPOC e Tabagismo

Em setembro de 2021, a DPOC causou 5.010 internações nos hospitais do SUS (DATASUS), em todo o Brasil. Por isso, é importante conscientizar a população e capacitar as equipes da atenção básica de saúde, a fim de evitar exacerbações pela doença (piora da tosse, expectoração ou falta de ar). Essas crises podem acelerar o declínio da função pulmonar e estão associadas com aumento de mortalidade.

Atualmente, a DPOC é quarta causa de óbitos, globalmente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 90% dessas mortes acontecem em países de renda média a baixa, porque as estratégias de prevenção não são eficazes e os tratamentos não estão disponíveis ou não são acessíveis para todos.

No Brasil, um dos desafios é aumentar a conscientização sobre a importância da reabilitação e oferecer programas de recuperação bem consolidados para os pacientes. Um avanço importante no país foi a incorporação de Broncodilatadores Antagonistas Muscarínicos de Longa Ação (LAMA) associados a Agonistas Beta2-Adrenérgicos de Longa Ação (LABA) para pacientes com DPOC grave, muito grave e com alto risco. “A disponibilidade de dois broncodilatadores de classes diferentes, tendo efeito de ação potencializado e sendo administrados no mesmo dispositivo, amplia as possibilidades terapêuticas e aumenta o conforto para o paciente”, salienta a dra. Marli.

Veja mais

Referências

¹ Lamprecht B, et al. COPD in never smokers: Results from the population-based burden of obstructive lung disease study. Chest 2011.

² Menezes AMB, et al. Chronic obstructive pulmonary disease in five latin american cities (the PLATINO study): a prevalence study. Lancet 2005; 366:1875-81.

³ Alqahtani JS, Oyelade T, Aldhahir AM, Alghamdi SM, Almehmadi M, Alqahtani AS, Quaderi S, Mandal S, Hurst JR. Prevalence, Severity and Mortality associated with COPD and Smoking in patients with COVID-19: A Rapid Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS One. 2020 May 11;15(5):e0233147. doi: 10.1371/journal.pone.0233147. eCollection 2020.

Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): 21 de novembro

O Dia Mundial da DPOC é uma campanha anual conduzida pela Iniciativa Global Para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD), sempre na 3ª quarta-feira do mês de novembro, com o objetivo de aumentar o conhecimento público sobre a doença.

A DPOC é uma síndrome clínica que compreende a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. Os sintomas mais comuns são falta de ar aos esforços, tosse, expectoração e cansaço, que aparecem quando a inflamação dos brônquios e o excesso de muco (característicos da bronquite crônica) dificultam a passagem do ar, causando perda progressiva da função pulmonar.

O enfisema, alteração caracterizada pela dilatação dos alvéolos (espaços aéreos microscópicos onde ocorre a troca de gases entre o ar e o sangue dos capilares) e destruição de suas paredes, também agrava a falta de ar por reduzir a capacidade dos pulmões oxigenarem o sangue.

A DPOC é uma doença tratável com medicamentos (broncodilatadores, anti-inflamatórios e outros, especificados pelo médico), além da reabilitação pulmonar e suplementação de oxigênio, dependendo da gravidade.

Atualmente, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica representa a 3ª causa de morte no mundo (251 milhões/ano). Trata-se de um dado alarmante, já que é possível evitá-la. A melhor forma de prevenção é a cessação do tabagismo, responsável por cerca de 80% dos casos.

O slogan da campanha de 2018 “never too early, never too late” (“nunca é cedo demais, nunca é tarde demais”) reafirma a importância de prestar a atenção na respiração cotidianamente e enfatiza que a DPOC tem tratamento efetivo, especialmente quando o diagnóstico é feito no início.

Aos pacientes que apresentem sintomas suspeitos, é recomendado consultar o médico, a fim de confirmar o diagnóstico e iniciar precocemente o tratamento, que visa, entre outras coisas, controlar os sintomas, reduzir o impacto da doença no dia a dia, prevenir as exacerbações e retardar a progressão da DPOC.

Pessoas que passaram a perder o fôlego e ficar ofegante durante a atividade física, por exemplo, ou que têm tosse repetitiva ou, ainda, com histórico de exposição à fumaça, devem fazer a espirometria, exame rápido, indolor e não invasivo.

Clique na imagem para ler a cartilha da Espirometria (em português) – European Respiratory Society e European Lung Foundation.

Tratamento

Por ser uma doença crônica, a DPOC deve ser controlada e tratada a longo prazo, com medicações de controle, definidas pelo médico conforme a gravidade da doença. A maioria dos pacientes toma remédios para ajudar na limpeza das vias aéreas, facilitar a respiração, reduzir a inflamação ou aumentar o crescimento e a reparação tecidual.

A reabilitação pulmonar consiste em um programa de treinamento físico e medidas educacionais para mudança de comportamento, manejo de sintomas e ganho de tolerância após os esforços físicos¹ do paciente com DPOC. Os exercícios podem ser feitos em casa ou no hospital. Diversos estudos² demonstraram o papel da reabilitação na redução da dispneia (falta de ar), no aumento do desempenho no exercício, na redução na frequência de crises e melhora da qualidade de vida, independente do estágio clínico da doença.

No entanto, a terapia ainda é pouco difundida. Apenas 1,9% dos pacientes internados com DPOC nos EUA (4.225 de 223.832 indivíduos incluídos na pesquisa²) aderiram aos programas de reabilitação nos 6 primeiros meses.

Exacerbações

Os eventos de piora da tosse, catarro no peito e falta de ar são as chamadas “exacerbações” da DPOC, que podem ocorrer sem causa aparente ou por estímulo de uma infecção respiratória, exposição à poluição, exposição ao tabaco ou descompensação de outras doenças, como eventos cardiovasculares e tromboembólicos. A vacinação para a influenza e para o pneumococo e a cessação do tabagismo são medidas reconhecidas para evitar esses episódios.

No dia a dia, há uma série de estratégias (medicamentosas e não medicamentosas) orientadas pelo médico para os casos de piora das queixas respiratórias. Ainda assim, é importante estar atento e procurar ajuda caso os sintomas não melhorem.

Oxigenoterapia em casa: recomendada para casos específicos de DPOC³

A oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) é a suplementação de oxigênio por um cateter nasal, indicada para pacientes com DPOC grave que preencham critérios bastante específicos. O médico se baseia no valor da medida do oxigênio no sangue, aferida através de um exame chamado gasometria arterial. O uso do oxigênio está associado a um melhor desempenho nas atividades da vida diária, ao aumento da tolerância ao exercício e também ao aumento da sobrevida.

Acesse aqui a cartilha elaborada pelo Ambulatório de Oxigenoterapia da Faculdade de Medicina da Unesp.

É bom lembrar que a utilização do O2 não deve se restringir aos momentos de “falta de ar”, mas ao maior tempo possível (idealmente 18 a 24h/dia).

Em setembro de 2018, foram gastos mais de 8 milhões com serviços hospitalares para tratar a bronquite, enfisema e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), do Ministério da Saúde.


Mais informações e referências:

¹ Singh SJ, Garvey C, ZuWallack R, Nici L, Rochester C et al. An official American Thoracic Society/European Respiratory Society statement: key concepts and advances in pulmonary rehabilitation. Am J Respir Crit Care Med 2013;188:e13-64.

² Spitzer KA, Stephan MS, Priya A, Pack QR, Pekow PS, Lagu T et al. Participation in Pulmonary Rehabilitation Following Hospitalization for COPD among Medicare Beneficiaries. Ann Am Thorac Soc. 2018 Nov 12. doi: 10.1513/AnnalsATS.201805-332OC. [Epub ahead of print]

³ Mesquita1 CB, A , Knaut1 C, B , Caram1 LMO, C , et al. Impacto da adesão à oxigenoterapia de longa duração em pacientes com DPOC e hipoxemia decorrente do esforço acompanhados durante um ano. J Bras Pneumol. 2018;44(5):390-397.

Forum of International Respiratory Societies. World COPD Day 2018 Fact Sheet.

Como manter a saúde do sistema respiratório após os 65 anos de idade?

O mês de outubro é inaugurado com o Dia Mundial do Idoso (1º/10). A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia recomenda hábitos que preservam o bom funcionamento dos pulmões com o passar dos anos

O processo de envelhecimento do corpo humano é permeado por diversos fatores, como o acúmulo de resíduos do metabolismo nas células, o excesso de radicais livres resultantes da respiração celular, o baixo índice de renovação das células, o processamento mais vagaroso das proteínas, além de instabilidades genéticas, como alterações e danos no DNA e uma maior suscetibilidade a infecções e tumores, por causa da redução na resposta imune.

No caso do sistema respiratório humano, os pulmões atingem a máxima função aos 20/25 anos de idade, em média. Depois disso, é possível observar pela espirometria que a função do órgão tende a declinar lentamente. Entre os 35 e 40 anos, o volume de expiração reduz entre 25 e 30 ml anualmente. Aos 70 anos, a perda desse volume chega a 60 ml por ano.

Normalmente, essas alterações funcionais próprias do envelhecimento saudável não causam sintomas perceptíveis, mas os problemas podem surgir quando agressões externas – fumaça do cigarro, poluição e agentes infecciosos – aceleram essa perda de função pulmonar e contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias, como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), fibrose pulmonar, câncer de pulmão ou síndrome de disfunção de múltiplos órgãos, por exemplo.

Predisposição genética + exposição a poluentes, cigarro e infecções aceleram o envelhecimento. Foto: European Resp Journal.

Globalmente, o número de novos casos de DPOC a cada ano em indivíduos com menos de 45 anos é de 200 a cada 10 mil pessoas. Acima dos 65 anos, esse índice sobe para 1.200. Depois dos 75 anos de idade, os diagnósticos de Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) também aumentam de 4 para 17 a cada 10 mil pacientes.

Deve-se salientar que a tendência de aumento da propensão a doenças respiratórias ao longo dos anos não se deve apenas ao envelhecimento, mas também aos efeitos cumulativos das exposições inalatórias durante a nossa vida (poluição, tabaco e agentes infecciosos).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, atualmente, 9,22% da população brasileira têm mais de 65 anos. Em 2060, essa porcentagem será de 25,5%. Por isso, entender as causas do aumento das doenças pulmonares entre a população senil e adotar hábitos saudáveis cada vez mais cedo contribuem para aumentar a longevidade e a qualidade de vida do idoso.

Veja dicas para preservar a função dos pulmões por mais tempo:

1 – Mantenha uma rotina diária de exercícios físicos, como dança, hidroginástica, pilates e esportes.

2 – Adote uma alimentação saudável, com a inclusão de verduras, frutas e outros alimentos com efeito antioxidante. Lembre-se de que a suplementação de vitaminas não se compara a uma boa alimentação.

3 – Não fume. As substâncias químicas do cigarro aumentam o stress oxidativo das células, causam alterações genéticas e disfunções celulares, como o encurtamento dos telômeros, estruturas responsáveis por impedir o desgaste do material genético. O desequilíbrio molecular e celular agrava o quadro das doenças pulmonares, como enfisema e bronquite crônica (DPOC), câncer de pulmão e fibrose pulmonar idiopática.

4 – Tenha em mente que falta de ar (dispneia), tosse ou cansaço não são normais da idade. Procure um pneumologista.


Referências

ASCHER, Kori et al. Lung Disease of the Elderly: cellular mechanisms. Clin Geriatr Med, 2017. http://dx.doi.org/10.1016/j.cger.2017.07.001.

BUDINGER, Scott et al. Blue Journal Conference: Aging and Susceptibility to Lung Disease. Am J Respir Crit Care Med Vol 191, Iss 3, pp 261–269, Feb 1, 2015. https://doi.org/10.1164/rccm.201410-1876PP

MEINERS, Silke; EICKELBERG, Oliver; KÖNIGSHOFF, Melaine. Hallmarks of the ageing lung. European Respiratory Journal 2015 45: 807-827. https://doi.org/10.1183/09031936.00186914

SHARMA, Gushan; GOODWIN, James. Effect of aging on respiratory system physiology and immunology. Clinical Interventions in Aging 2006:1(3) 253–260, 2006.

TEIXEIRA, Adherbal Víctor Rodrigues et al. O Sistema Respiratório e o Envelhecimento. Universidade Federal de Goiás, 2018.