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Se não estiver controlada, a asma pode ser fatal

Diante do falecimento precoce e lastimável da escritora e apresentadora Fernanda Young, de 49 anos, vítima fatal de uma crise de asma seguida de parada cardiorrespiratória, a SBPT expressa condolências e reacende o debate sobre a gravidade da doença e a importância da adesão ao tratamento.

A asma quase fatal, forma mais grave da doença, é a que pode causar ataque súbito acompanhado com parada respiratória. Esta apresentação foi responsável por cerca de 16% dos casos da doença, de acordo com um estudo brasileiro. 

Na maioria dos casos de asma fatal, os sintomas aparecem com mais de um dia de evolução e se devem à associação de fatores como falta do uso de medicamentos de controle (os corticoides inalatórios), falta de adesão ao tratamento e de consultas regulares com o médico para seguir um plano de ação em caso de crises.

O que é a asma?

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que afeta aproximadamente 235 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, estimativas do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) apontam para uma prevalência de cerca de 20 milhões de pessoas, ou aproximadamente 13% da população, incluindo adultos e crianças.

A asma é a 4ª principal causa de internação no Brasil, com mais de 140.000 hospitalizações por ano e 2.477 mortes no Brasil (2017), de acordo com o Datasus.

Os sintomas mais comuns da asma são falta de ar, chiado no peito, tosse intermitente, dor torácica ou sensação de opressão.

A inflamação alérgica é gerada por fatores externos (alérgenos). Os mais comuns são: inalação de poeira, mofo, fumaça e produtos químicos como tintas, perfumes e aerossóis; mudança brusca de temperatura; tempo frio; tempo seco; umidade; resfriados ou gripes; exercício físico e stress, por exemplo. 

Alguns medicamentos também podem desencadear asma, como os beta-bloqueadores para controle da pressão arterial, colírios para glaucoma, aspirina e outros anti-inflamatórios não corticoides.

Diagnóstico

O exame para detectar a doença é a espirometria, que avalia função pulmonar. A história clínica, o exame físico, além de testes de laboratório também são importantes para o diagnóstico.

Por que o tempo frio e seco pode ser pior para quem tem asma?

O muco (secreção) é uma importante proteção das vias respiratórias. Quando o tempo está seco e frio, o muco fica mais espesso e mais difícil de sair e, por isso, as bactérias e vírus não são totalmente expelidos pelos pulmões.

Associado a um sistema imunológico mais enfraquecido, exposição à poluição atmosférica, entre outros fatores, pode haver mais incidência de crises alérgicas de asma e rinite, além de infecções, como a pneumonia.

Recomendações de prevenção
  • Evitar ao máximo a exposição aos alérgenos. O casaco que está no armário há muito tempo, por exemplo, vai ter acúmulo de mofo e poeira, o que pode desencadear uma crise. Por isso, é importante expor as roupas ao sol antes de utilizá-las.
  • Umidificar o ambiente e trocar o filtro do ar-condicionado.
  • Se manter hidratado e verificar periodicamente os pulmões: consultar o seu médico para um check-up de asma antes da temporada de gripes e resfriados.
  • Seguir o plano de ação para controlar a asma juntamente com o médico e atualizar com frequência o plano pessoal de ação contra a asma.
  • Caso o ar frio seja um gatilho para a asma, por exemplo, é importante se manter quente e seco e pesquisar as previsões do tempo antes de sair.
  • Evitar o contato com pessoas doentes e lavar as mãos regularmente é mandatório. Vacinar-se contra a gripe e os pneumococos também é essencial.
  • É imprescindível usar os medicamentos sabiamente: se lhe foi receitado um medicamento preventivo, certifique-se de utilizá-lo mesmo que já se sinta bem.
  • Verificar também se o dispositivo inalatório está sendo utilizado corretamente.
Tratamento

O tratamento da asma depende dos fenótipos da doença, classificados da seguinte maneira: asma de início na infância, asma relacionada à obesidade, asma de início na fase adulta, asma ocupacional, asma na gestação, asma associada à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e asma desencadeada por aspirina.

O tratamento é feito a longo prazo com anti-inflamatórios, que são os corticoides inalados associados a medicação broncodilatadora de ação rápida ou ação longa. Existem outros tipo de medicamentos que também agem na inflamação: anti-leucotrienos, imunobiológicos que agem também na inflamação mediado por marcadores da inflamação: IGE, interleucinas, eosinófilos. 

Deve-se tratar também outras doenças associadas à asma e que pioram o curso da doença, como rinossinusites, refluxo gastroesofágico, distúrbios psiquiátricos, DPOC e bronquiectasias.

Existem 5 etapas de tratamento a depender da gravidade da doença ou estadiamento da doença. Na etapa 1, o uso do corticoide inalado é fundamental para diminuir a inflamação dos brônquios. Nas etapas posteriores, pode ser acrescentado uma medicação broncodilatadora de longa duração, cujo objetivo é facilitar as trocas de oxigênio.

Já na etapa 5, por exemplo, o paciente usa todos os medicamentos atualmente disponíveis para controle da doença. O objetivo da terapia é usar a menor quantidade de medicamento para controlar os sintomas do paciente, mas geralmente a doença exige tratamento prolongado e acompanhamento contínuo.

O paciente pode praticar alguma atividade física? 

Sim, e deve realizá-las regularmente. Aqueles que têm sintomas durante o exercício devem manter a medicação anti-inflamatória regular e usar os broncodilatadores pré-exercício.


 

 Por fim, é recomendado sempre procurar o pneumologista para orientações específicas sobre cada caso de asma.

Câncer de Pulmão, segundo mais comum entre os homens, pode ser evitado com melhores hábitos de vida

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de traqueia, brônquio e pulmão tem incidência de 8,7% entre a população masculina, atrás apenas do câncer de próstata (31,7%).

Entretanto, em pesquisa realizada pela USP e Universidade de Harvard e publicada na revista Cancer Epidemiology, constatou-se que os hábitos saudáveis de vida podem evitar cerca de 20 tipos de câncer.

Portanto, é cientificamente comprovado que o tabagismo, o consumo de álcool, a alimentação e a prática de atividade física estão diretamente relacionados à prevenção do câncer.

O coordenador da Comissão Científica de Câncer de Pulmão da SBPT, Dr. Gustavo Prado, falou sobre o assunto ao jornal Estadão.

Na entrevista, ele lembrou que entre 75% e 85% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo. Outro fator de risco é a exposição à poluição ambiental e a agentes poluentes associados ao trabalho.

Os processos de queima da cana-de-açúcar, extração de minérios e instalação de telhas de amianto, por exemplo, oferecem riscos de inalação de partículas cancerígenas.

Quanto à alimentação, o Dr. Prado recomendou incluir produtos de origem vegetal e evitar os ultraprocessados  produzidos a partir de proteínas animais.


Referência

Ludimila Honorato. Conheça os tipos de câncer mais comuns em homens e mulheres. Emais, Jornal Estadão. 8 de abril de 2019.

Fibrose Cística: veja como é o diagnóstico e o tratamento

A Fibrose Cística é uma doença genética, crônica e progressiva que afeta múltiplos órgãos, como pulmões, pâncreas, rins, fígado, aparelho digestivo, intestino e seios da face. A doença é autossômica recessiva, ou seja, ocorre quando a pessoa herda os genes CFTR defeituosos tanto do pai como da mãe.

Apesar da gravidade do quadro, o tratamento da FC tem evoluído consideravelmente nos últimos anos. Se, há 30 anos, a expectativa de vida do paciente não ultrapassava os 15 anos de idade, hoje, quem nasce com Fibrose Cística tem uma expectativa de vida acima de 40 anos.

O Teste do Pezinho é a primeira triagem de Fibrose Cística na infância. Quando positivo, deve ser repetido e confirmado pelo Teste Genético ou pelo Teste do Suor. Quando o nível de cloro é superior a 60 milimoles por litro em duas dosagens, associado a um quadro clínico característico, o diagnóstico é firmado.

O paciente com FC tem produção excessiva de secreções e muco mais espesso, aumentando a suscetibilidade às infecções pulmonares e a bronquiectasias. Por isso, a atuação de profissionais da Pneumologia e da Fisioterapia Respiratória é essencial para a retirada do acúmulo de secreções e a prevenção de complicações.

Algumas das consequências típicas da Fibrose Cística são pneumonia de repetição, sinusite frequente, tosse crônica, dificuldade de ganhar peso e estatura e cansaço para realizar atividades simples.

Quando o paciente chega à adolescência, é comum que haja um sentimento de desesperança devido às dificuldades enfrentadas durante a terapia. Esse é o pano de fundo do filme “Five Feet Apart” (“A Cinco Passos de Você”), que narra a história de dois jovens com Fibrose Cística que se apaixonam, mas vivem separados por causa do tratamento. O longa metragem tem estreia prevista para março de 2019, nos Estados Unidos.


FC no adulto

Conforme a doença progride, há perda da capacidade pulmonar, maior risco de diabetes, osteoporose e hemoptise (tosse com sangue) mais frequente. Sendo assim, os desafios aumentam para a equipe de profissionais da saúde e para o paciente.

É importante ficar atento aos parâmetros que determinam a gravidade da doença: o exame de Função Pulmonar é um dos mais importantes, junto com o estado nutricional, cultura de escarro e o Índice de Massa Corpórea (IMC).

Hoje, há medicamentos que atuam diretamente no defeito genético da proteína e permitem que o paciente com Fibrose Cística viva por mais tempo e com mais qualidade de vida, se acompanhado por especialistas desde a infância até a fase adulta.

De acordo com o Dr. Rodrigo Athanazio, coordenador da Comissão Científica de Fibrose Cística da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), os fármacos já foram aprovados pela ANVISA, mas ainda falta a incorporação no SUS.

“Com a maior sobrevida, o pneumologista deve estar preparado para acompanhar o indivíduo durante toda a trajetória da terapia: a prescrição de dornase alfa é conveniente para clarear e expectorar o excesso de muco nos pulmões, a salina hipertônica 7% ajuda a fluidificar as secreções, enquanto a nebulização com antibióticos previne infecções”, explica o Dr. Rodrigo.

“Em caso de inflamação crônica, a azitromicina três vezes na semana tem ação anti-inflamatória e imunomoduladora. Se houver alteração da função pulmonar, os broncodilatadores são prescritos para melhorar a ventilação”, completa o especialista.

Em 80% dos casos, é necessário repor enzimas pancreáticas para auxiliar a digestão e a absorção de nutrientes. O tratamento exige reidratação, reposição de sódio e boa nutrição do paciente, por meio de dieta rica em calorias e reposição das vitaminas lipossolúveis A, D, E, K.

O especialista comenta ainda que, como os fluidos corporais ficam mais espessos em geral, a bile produzida pelo fígado também pode ficar mais densa, aumentando o risco de cirrose. Nesses casos, o uso de ácido ursodesoxicólico evita lesão hepática progressiva.

“Em última instância, quando as medidas anteriores não são suficientes e a capacidade respiratória (VEF1) está abaixo de 30%, considera-se o transplante pulmonar”, esclarece o pneumologista.


Mina de Fibra

A mineira Danielle Braz, de 22 anos, é uma das pacientes com Fibrose Cística que aguarda na fila do InCor (HCFMUSP) por um transplante de pulmões. Ela divide um pouco da história de superação com mais de 4 mil seguidores na página do Instagram @minadefibra.

Danielle mostra seu dia a dia, interage com os seguidores e tira dúvidas de pais e pacientes. “A comunicação me dá bastante força e me ajuda a me distrair enquanto passo os dias fazendo meu tratamento, que vai de cinco a seis inalações por dia, comprimidos de vitamina, enzima pancreática, azitromicina e antidepressivo. Além da fisioterapia, que é muito importante. Uso oxigênio diuturnamente e BiPAP para dormir e quando me sinto mais cansada”, conta Danielle.

“Fui diagnosticada aos três meses de vida e, desde então, comecei o tratamento. Até os meus 17 anos, eu vivia como qualquer outra pessoa saudável, até que precisei passar pela primeira internação. A doença se agravou, fazendo com que eu me mudasse de Minas Gerais para São Paulo, em busca de um transplante pulmonar”.

A perspectiva do transplante faz com que Danielle se sinta mais confiante. Os critérios de compatibilidade são específicos: o doador deve ter o mesmo tipo sanguíneo, a mesma altura e tamanho semelhante da caixa torácica. Na página do Instagram, ela incentiva a doação de órgãos.


Sugestões de leitura:

“Só não me canso de viver”, matéria da Revista Veja – 4/01/2019.

5 de setembro: Dia Nacional de Conscientização e Divulgação da Fibrose Cística – matéria da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – 4/09/2017.

Saiba mais sobre o diagnóstico de Bronquiectasias e Fibrose Cística – matéria da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – 20/09/2017.