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Alfa-1 Antitripsina

A alfa-1 antitripsina (AAT) é uma glicoproteína codificada no gene Serpina 1 e que entre várias ações inibe a elastase neutrofílica pulmonar. O alelo normal é chamado de Pi*M (ou MM) e os alelos relacionados a DAAT mais frequentes são o Pi*S e Pi*Z.

A deficiência de alfa1 antitripsina (DAAT) é uma doença genética autossômica codominante. O quadro clínico da DAAT é variável, mais frequentemente enfisema pulmonar de início precoce, doença hepática (ocorre mais em neonatos) e outras condições menos frequentes. Em 1963 foi descrito o primeiro caso de DAAT por Laurell e Eriksson em um paciente com enfisema e alteração na eletroforese de proteínas.

Na maioria das vezes é subdiagnosticada, o que pode ter relação com o conhecimento insuficiente sobre a doença, testes necessários para realização do diagnóstico e disponibilidade destes exames. No mundo considera-se que apenas 2% dos casos estimados da DAAT estão diagnosticados.

São indicações de investigar DAAT:

  • Enfisema de início precoce (< 45 anos) predominante em lobos inferiores
  • História familiar de DAAT
  • Doença hepática sem etiologia conhecida
  • Bronquiectasias de etiologia desconhecida
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
  • Paniculite
  • Vasculite ANCA C positivo
  • Dispneia e tosse crônica em vários membros da família (SEPAR)
  • Redução do pico de proteína alfa no proteinograma (SEPAR)

O diagnóstico da DAAT é feito por testes quantitativos (Dosagem sérica) pelos métodos de imunoletroforese, imunodifusão radial, nefelometria; e testes qualitativos (Fenótipos) através de Cromatografia (mobilidade eletroforética) e Genótipos (Reação de polimerase em cadeia (PCR).

Tomografia computadorizada de tórax de paciente com DAAT mostrando enfisema panlobular bilateral com predomínio em bases pulmonares.
Tomografia computadorizada de tórax de paciente com DAAT mostrando enfisema panlobular difuso.

No Brasil não é conhecida a prevalência da DAAT. Russo (JBP 2016) avaliou a DAAT em pacientes com DPOC e encontrou a prevalência de 2,8% e do alelo Z (0,8%), semelhante à encontrada em outros países.

O tratamento do paciente com DAAT deve ser inicialmente preventivo com orientação para não fumar, uma vez que em pacientes tabagistas é muito mais frequente a evolução com enfisema. No caso dos pacientes com DPOC e DAAT o tratamento inclui a cessação do tabagismo, evitar exposição à irritantes (ocupacional), tratamento farmacológico (DPOC), e transplante pulmonar se indicado. O tratamento específico é a terapia substitutiva ou de reposição com alfa 1 antitripsina na seguinte dosagem: 60 mg/kg/semana (1000 mg/50mL) EV. A terapia substitutiva se reserva aos pacientes com VEF1 entre 35 e 60% do predito.